Friday, October 13, 2006

What happen to sex for sex?

It's almost 5am, I'm just arriving at my bed after a night shoot
And somehow this silence got me lonely
The independence is more than welcome, and the fact that life has been just a fastrak helps but still
How tough it's for me to be single, "partnership-less"

More than anything, I miss my sexuality
I miss feeling that crazy desire
Having wild sleepless nights with someone that matters
I miss wanting him so bad that it makes me quiver
I miss melting just looking at someone

Between us, I've tried a couple of times to be a little promiscuous since single
Strangely though, it doesn't seem to work for me anymore
Huge surprise
I was always good on having fun with the wrong-right people
fun for fun
Lately it seems that I'm stucked to this mother fucking heart, brain...whatever
Fuck it, let the physical and only it be enough,
But no, I guess now I'm an adult, I'm mature, I'm a woman full of fool conditions
Forget this stupid idealizations
Why can't I just fuck for the sake of it anymore? whyyyy?

all I need is some excitement
Drops and drops of desire between my legs
all I want is to release all this repressed energy in orgasms
All I care for is some good grabbing and throwing me around
A wet mouth and a hard dick
but guess what...
I'm the one that can't get it hard without...
no I refuse to say it
Love my ass...What's wrong with me
Aren't adults actually the ones capable of going for one night stands without getting attached
Aren't they the selfish ones?
I mean, aren't "we"?

I insist that I probably just haven't found the right bimbo
come on...So now I became a girlie girl
With all that sentimental bullshit
Nightmare

I'd love to just have some good uncompromising sex, that's it
Give me a dick that can speak enough to not blow me away before bed
It should be easy...

It haven't

Saturday, September 09, 2006

Monogamia

Venho chegando a conclusão que não sou de longo termo. Essa estória de “para sempre” para mim é mesmo uma baita versão romântica do “que seja infinito enquanto dure”. Com o tempo fica mais difícil entender casamento, papel assinado, contrato de amor eterno...Não consigo fazer sentido disso tudo. Como eu vou saber o quer eu vou sentir em vinte, trinta, três anos? Como é que se promete amor, e por que? Por que não pode ser escolha em aberto, escolha com direito a livre arbítrio? Não entendo essa estória, vou te dizer. Por que não posso ter direito de mudar de idéia ao longo do caminho, sem culpa como pano de fundo. Relação é honestidade e parceria, e tem que haver lugar para liberdade de se manter um indivíduo sem contratos assinados de vida conjugal. Acho que podemos nos amar para sempre e eu não preciso assinar pedaço de papel nenhum para legitimar isso.

As vezes acho que não sou capaz, nem preciso ser, de ter uma relação só para o resto da vida. Até hoje, não fui capaz ainda de continuar com tesão depois da descorta das diferenças irreconciliaveis. A verdade é que paixão é admiração, é afinidade, quando perco isso, perco tudo. Não encontrei alguém do meu tamanho.

Vivo me perguntando quem foi que inventou essa estoria de "cara-metade". Quem inventou que existe uma e só uma metade da laranja que encaixa com a sua? Ô besteira meu deus, haja laranja nesse mundo, e eu quero continuar provando. Quem inventou que ser humano tá no mundo para encontrar alguém e viver junto para o resto da vida por contrato? Eu nasci foi sozinha. Parceria é escolha diária, não decisão permanente sem direito de mudar de idéia...tá doido?
Digo isso do meu trono de divorciada, ainda com memórias frígidas do contrato sendo assinado e mais ainda do baita arrepio que tremeu minha espinha por dentro da pele e que sem dúvida se espatifou no meu olhar chocado de recém-casada. Demorou para cair a ficha que aquilo era mesmo um contrato de para sempre...quer dizer, infinito enquanto dur...cê sabe.

O fato permanente é que não quero nunca me acomodar numa relação sem tesão. Não quero deixar de ficar molhada e ter transas selvagens na minha vida, e ainda não encontrei a minha forma de manter isso em uma relação. Não quero deixar de ser louca e tarada, e criar fantasias meladas.

Sei lá, não quero ter um parceiro sexual só para o resto da vida. Não quero deixar de experimentar, e desvendar corpos diferentes em diferentes momentos da minha vida.Me imagino sim, e sempre fui desse jeito, tendo longas relações monogâmicas em diferentes fases, e pequenos períodos de experimentação entre as tais. Gosto de variedade, de diferença, de troca de jeitos, de desconhecer o outro, gosto de descobrir e inventar brincadeiras novas; gosto de diferentes toques, texturas, gostos, espessuras, tamanhos.

Não quero deixar de poder ter opção, não quero não poder querer.

HUmanos

E se toda dor acabar por doer igual, e se toda lágrima tiver o mesmo gosto, e por mais diversas que sejam as razões, todo sofrimento em sua raiz for irmamente semelhante?

E se ao menos no desespero formos todos iguais, e a dor é os que nos une?

E se for assim, pensando bem, qualquer sentimento é simplesmente o mesmo, independente de quem sente, seja dor seja felicidade. Eu te amo e outras estórias.

Todo ser humano é então igual em sua raiz.

Ontem sentindo um desespero ensurdecedor, e uma dor que parecia não ter saída, dúvida imensa de que algo jamais poderia se consolidar, sentindo esse medo que beira a desistência, e deixando todas as certezas derreterem em borbulhas rasas; ontem achando que não haviam mais opções, e mesmo lutando contra esses dois buracos em meu rosto que insistiam em virar rio; ontem, quando me deixei convencer que a minha auto misericórdia era então mais forte do que tudo que sempre soube (e sei) sobre mim, e que sentir pena de mim mesmo era por hora a única opção, ontem me entendi mais humana.

E pela primeira vez não houve mais a arrogância de me achar especial, melhor, pior, diferente. Ontem esqueci tudo que acreditava saber e descobri que somos iguais. Iguais não no âmbito das vontades e personalidades, e sim iguais no âmago das sensações, no desespero do sentir.

E pela primeira vez olhei para um mendigo no olho e perguntei o que ele sentia, óbvio que ele balbuciou que eu era louca e se eu não tinha um trocado não, não entendeu coitado que ali eu o tinha como irmão de espécie, pronta para ouvir e me identificar a fundo com suas dores e delícias.

Ontem desisti, segui em frente e fingi que nunca descobri que não tem qualidade que nos difere no sentir, fingi que não sei que somos todos humanos.

Wednesday, August 16, 2006

Rejection

What is it about rejection that draws this immediate and sudden need for the other
Is the need to be loved human nature
But mostly, Is the desperate need of not being rejected human nature

There was nothing to live by before but the moment one walks away without warning
All of a sudden the feelings switch

So the origin of the feeling is not the soul of itself
But yet created by the imminence of abandon
Is the lack of control and a better understanding
Of the reasons behind the abandon
Is it the idea of not being good enough

what is it about dating
About conquering and winning someone
That would demand so much miscommunication
Does feeding one's insecurity feeds love?

Thursday, July 06, 2006

JR

Sem Solução


Veio assim
Sem querer querendo
Sem sequer aviso prévio
Nem pedido de licença
Resolveu fazer residência

Tentei avisar que não tinha vaga
Me enganar que era visita rapidinha
Tentei fingir que não vi quando arranhou displicente a chão encerado
Tentei me convencer que era coisa de dois dias e eu te esqueceria

Foi não
Eu tava muito era errada
Agora mora aqui
Engasgado em minha garganta
Transbordando por todos os lados errados
Inevitabilidade que é viver sem pensar em você

Não tem hora certa
Nem tarefa para lá de conturbada
Não há nada que te carregue para longe

Quando acho que te calei em mim
Lá vem você sorrateiro
Sorriso de canto de boca
Perturbando minha serenidade
Entrando pelas fissuras da minha cabeça

Esqueço de tudo que eu deveria sentir
E do modo certo que eu deveria lidar
Esqueço de namorado
De passado
De compromisso
Esqueço de certo e errado
Esqueço de toda a verdade que vejo em você

Sei da tal da idealização
Que vejo em você solução imediata
Que te fiz dourado
Sonhano de te ver no fim do arco-íris

Sei muito bem que é vontade retada de errada
Vontade que cega
E que não quer enxergar pedregulho
Vontade que te traz em nuvem pesada
Carregada de pensamento insólito
E leva para longe qualquer resquício de realidade

Maldita atração
Para lá de fatal
E haja pele, cheiro, voz

Atração que distrai e revira
Atração que assusta
E que não vai embora nem depois de banho demorado
Atração que não segue regra
Não respeita ordem
Nem tá nem aí para essa história de conseqüência

Cada toquinho tem mil sentidos e sensações
Sua voz virou balada em meu ouvido

Saudade de trabalhar com você
Saudade de te ouvir no radio apressado
Engraçado
Estressado
Saudade de te ver funcionar
Delegar
Trabalhar
Saudade de estar sempre pronta
Mulher eficiência que viro ao seu lado
Saudade de ouvir meu nome em sua boca
E ao ver teu e-mail
Pensar em você pensando em mim

Vivo distraída em meus devaneios
Penso na gente se olhando
Se encarando
No delírio de uma noite a dois

Penso no cheiro da sua pele
E em cada pelinho que mora em seu corpo
Penso em seu corpo nu
Quente
Se arrastando no meu
Penso na textura da sua pele
Na pegada das suas mãos
No peso do seu corpo

Penso nas suas mãos agitadas
Devastando todos meus cantos
Penso no calor de seus braços
E na primeira vez que beijar sua boca
Penso no gosto da sua língua
Na maciez dos seus lábios
Na cor dos seus olhos quanto te olhar lá dentro

Quero te comer
Ser comida
Ser invadida
Quero nos entreter em gargalhadas molhadas
E beijos salgados
Quero te chupar lambendo os lábios
E te morder sem machucar
Quero te agarrar
Te arranhar assanhada
E alongar os minutos enquanto você me devassa
Quero me arreganhar
Me rasgar
E desmaiar num transe de você

Quero te ver
Isso tudo e acredita que ainda nem te tive
Bendita fantasia traiçoeira

Wednesday, March 29, 2006

LA move

(Escrito em setembro de 2005)

What is it to be lonely? Lonely not on the sad sense of feeling left behind or helpless, but lonely as an unique individual that comes into this world alone by birth and will inevitably end alone, six feet under the surface of the same earth. Alone in the sense of no matter the family we come out to have or the friendships we get to make, we’ll always have the last word on every decision we take. Regardless of what anyone else thinks or wants, I'm the only one that can move my own legs.

Sitting in my lonely throne, facing all the major steps I'm currently taking, I wonder how many times I’ve felt this devastating but also comfortable loneliness. All the anticipation and expectations I can have towards anything that involves someone else it’s actually not scary, once I’ve got to understand that if it doesn’t work I’d still have everything I come into the situation with: myself. I’ll never be lost or lonely because I do have myself to rely on; anything else is just a temporary add on to my environment. As harsh as this may sound, it’s actually just a realization of the independence that being an adult provides.

Family may not always be the ideal foundation as one expect and they may not be there for you every time you “need”; friends may disappoint you, die or just grow apart, same with relationships; even dogs, the ultimate “best friend”, have a fifth of the life span of a human; regardless how many promises and contracts one can make, nothing is permanent but one to itself.

Everything in life is transient, from the people we love to the things we prioritize, and that doesn’t make people any less special, however, that just make more acceptable the changes that life may present without warning, and all the surprises that may tremble my certainties and wills. No matter how much I can plan the next step and believe that I have everything figured out, if at some point the whole structure falls apart, I’ll still never be alone; worst scenario, I get to become stronger as an individual. People and things don’t fill the hole, they can’t complete anyone else but themselves; if there is a hole, is actually my own incompetence of fulfilling my life with my strength, drive and mind.

I'm not looking for a life preserver in the storm; I'm never relying on a “comfort zone”; I'm not relieved with all the things (I think) I know. I don’t see people as the solution for my insecurities and shortcomings, not even a solution for my emotional and material necessities. People are to be enjoyed, to be inspiring, to be refreshing; people are to be intriguing, to be studied, to be loved; people are to be observed, understood or just an endless enigma, but people are definitely not to be my tacit solution.

So here I am living life fully, taking risks, getting truly involved; here I am not knowing, not expecting, not resting on shallow certainties; here I am not paralyzed either scared with all the uncertain steps I’ve got to take and the transience of all the “permanent” things. NOTHING will ever stop me trying to improve it, to make unexpected decisions that may require a whole new plan. It’s not time, either life, that decide where I go and who I am.

I'm never lonely because I’ll always have myself.

Caminhantes

(Escrito em maio de 2005)


Sigo meu caminho, cheia de terceiras intencoes, mais desejos do que necessidades e sem aviso esbarro em outro caminhante, outros.
Quanto mais vivo mais entendo que somos sozinhos, que encontrarei tantos pelo caminho, que me apaixonarei, que me vincularei, que vou amar amando e tambem sem ser amada, que certos amigos irao e virao em relampago, outros ficaram de vez, mas sempre mantendo seus proprios desvios. Vidas sao paralelas!
Nao existe juncao, existe uniao. Me uno aos que me identifico, mas de tempo em tempo o circulo se recicla, e mesmo os que ficam mudam de proximidade.
A vida desmembra a ilusao da certeza. Planos existem para serem mudados e por mais que eu tente andar na linha do conhecido, acabo em tropecos, me deparando com a flexibilidade do futuro.
Nao ha posse, nao ha dependencia, nao existem nos atados entre caminhantes, todo encontro inclui em algum ambito, desencontros, eh de solidao que somos formados.
Posse eh uma palavra burra.
Saber nao torna mais facil, e sim mais adaptavel as mudancas no caminho.
Continuo aprendendo a deixar o outro ir, talvez ateh para nao mais voltar, sem duvida bem mais dificl para mim do que deixar vir, deixar entrar.
Ninguem percorre o mesmo caminho, e por mais que promessas sinceras sejam feitas...acima de tudo, promessas de futuro nao deviam ser feitas.
Promessa inclui supostamente cumprimento da mesma, e a realidade eh que nao ha certeza que a sustente.
Promessa eh uma palavra raza.
Deixa estar, deixa ser, deixa ir e segue, segue sozinho com outros caminhantes no peito, mas com o entendimento da solidao maior que eh nascer no mundo. Ateh gemeos nascem separados. Amor existe para ser vivido voluntariamente e nao para ser cobrado.

Tuesday, March 28, 2006

Work in progress

Todo dia a caminho do mercadinho passava pelo barco suspenso na garagem de madeira. Sabia que o lago subia quando a neve se rendia ao sol e vivia imaginando o dia que o lago tivesse tão alto que chegasse a encostar na passarela do pier. O barquinho era seu porto seguro, mesmo nunca tendo parado para ver de perto, olhava de longe quando de passagem e sentia aquela certeza no peito que tudo estava em seu lugar. Quando pensava no verão por vir se enchia de insegurança sabendo que um dia o barquinho estaria perdido na água e não mais em seu posto seguro.

O barquinho era só o pequeno ponto em foco do retrato maior, ele era tão persistente em seu olhar que Sophia as vezes esquecia de perceber a imensidão do lago, as montanhas com cobertura de neve e o céu que insitia em gritar azul mesmo quando o inverno congelava as bordas do lago.

Quando contrariada saia de casa, se prendia a imagem do barquinho e lá ia ela dirigindo entre os desfiladeiros escorregadios, sabendo que se chegasse ao barquinho não havia mais perigo de se perder em si mesma. Gostava de olhar o lago da varanda de casa, em suas pausas do teclado se permitia calar até a mente e ficar ali a olhar as margens verdes do lago que gradualmente ficavam mais e mais azuis até virarem de um negro tão profundo que parecia mais abismo.

Escolhera o exílio em terra de ninguém. Antes não pertencer no despertencido.

Haviam quase três meses que se mudara para o time share, cedo chegaria ao seu prazo de validade e teria que voltar a cidade. À noite, quando à beira de desligar seu corpo de sua insônia, ouvia o repetido tic tac do relógio da lareira ecoando pela casa e pensava nos segundos desperdiçados. Volta e meia pensava nisso, na vida passando a cada segundo, e em todos os minutos negligenciados. Foi assim que em um de seus devaneios resolveu fugir da cidade grande, correndo dos segundos apressados se jogou nas montanhas, esperando que talvez daquela neve toda saisse algum coelho, ou quem sabe até alguma boa idéia para o livro.

Terça-Feira havia ligado para Keith, e não sabia ainda se essa havia sido mais uma de suas "boas" idéias. Quando achava que havia superado seu tempo de "fogo de palha" se descobria mais uma vez cutucando cobra com vara curta. Era para ter sido reclusão, mas depois de três meses já não aguentava mais só os próprios pensamentos, precisava ver um corpo vivo e mais do que tudo, conhecido. Ele devia chegar em Reno no Sábado de manhã, e para ela dirigir uma hora até o aeroporto era um sacrifício assombroso.

Desenvolvera um certo medo do escuro, mais do que do escuro, medo da mata que cercava a casa. Olhava da janela embaçada do segundo andar as árvores secas e achava estranho a ausência de cercas. Pensava em ursos, coiotes, mas o maior terror era pensar em pessoas estranhas. O trauma insistia em morar nela mesmo depois de mais de ano. Criara vários recursos anti-pânico e sabia que a ida para as montanhas requerera tanta bravura que se surpreendera com si própria, mas mesmo assim volta e meia se perdia em lembranças um tanto desafortunadas.

Só três pessoas tinham o número da casa, as quais deixou bem claro que só a ligassem em caso de emergência. Tentava ao máximo não pensar na cidade, nos amigos, em Paul e tudo que deixara para trás. Agora, à beira de seu aniversário de 33 anos, Sophia finalmente entendera que era hora de mudar, de deixar os fantasmas para trás e começar tudo de novo.

Tanta coisa havia acontecido desde o incidente. Lembrava-se do momento exato depois que ele partiu e de todas as sensações que sentira; lembrava-se de se sentir rasgada por dentro e incapaz de manter a sua história com Paul; lembrava-se do medo profundo que a invadiu misturado como uma insegurança insólita que não conhecera até então; lembrava-se de não querer conversar nem compatilhar com ninguém o que acontecera, porém mais que tudo, lembrava-se tão vividamente de querer simplesmente se desligar de todas suas tomadas e deixar a água levar o resto.

Quando acordou no extenso sofá se descobriu tão encolhida que seus braços e ombros eram pura caimbra, espremeu os olhos e a testa tentando limpar as memórias, e lembrou-se de Billy Holiday cantando Stormy Weather, lembrou-se do CD que havia feito para inspirar Joana.

As duas sentadas na cama, chapadas comendo passinhas, rindo até a morte da estória com Mauro e o final de semana em Angra. Tão novinho e tão safado, cheio de labia e jeitinho de carioca, tão ingênuo em seu suburbanismo, sem noção da maldade das duas. Riam e falavam do pau perfeito que ele tinha e de todos os pelinhos lourinhos de seu corpito marombado. Mauro tinha uma certa pitada de Deus grego em suas perfeições, os olhos negros como pérolas gigantes, os cílios longos encurvados, o corpo olímpico de atleta. Mauro era querido pelas duas, e certamente por qualquer um que o conhece-se, tinha um sorriso tão maroto que as duas gargalhavam só de lembrar. Sophia o levara para a praia particular da casa do condomínio e os dois numa taração desenfreada, se comeram no quiosque de palha enquanto os pescadores olhavam do pier. Sophia sempre gostou de ser doidinha e selvagem, enquanto Joana só veio a descobrir sua perversidade mais tarde com Rodrigo.

Foi numa tarde durante a aula de ginástica que Sophia notou Joana no reflexo do espelho, ela tinha a mania de ficar fixada com beleza e Joana fez com que ela esquecesse a aula. Ela vestia uma calça rendada branca transparente bem grudada ao corpo encima de um colã também branco da O'neill, os cabelos encaracolados estavam presos num um rabo displiscente e Joana estava tão morena de praia que chegava a brilhar, Sophia em seus agachamentos tentava imaginar que tipo de personalidade aquela menina/mulher tinha, e como sempre chegava a conclusão de que ela só podia ser burra uma vez que era tão deslumbrante.

Demoraram pelo menos duas semanas até que as duas se esbarraram em uma noite de amigas em comum. Dali para frente foi fácil se aproximar e mais e mais as duas viraram o grude básico que meninas sempre adoram criar: Iam para praia, academia, festas, cinema, tudo juntas e não demorou até que as duas fossem sempre associadas uma a outra. Com o passar dos meses, Sophia foi gradualmente se desapontando com a alienação de Joana. Apesar de todo divertimento e graça que as duas tinham juntas, Sophia sempre achava que faltava cultura, leitura, arte, curiosidade em Joana. Sophia era assim, um posso de arrogância positiva, e não era à toa que chamava o grupo de amigas em comum com Joana de "party friends". Joana era inicialmente para ser só mais uma, mais havia uma ternura em Joana que despertava Sophia, Joana era de fato interessada em Sophia e suas questões, sabia ouvir, perguntava mais, tentava entender, mas sempre acabava a conversa achando que tudo sobre Sophia parecia profundo demais para sua cabecinha Zona Sul. Sophia sabia disso e não demorou até que ela começasse a se afastar.

Foi numa tarde na casa dos irmãos, cercada de música, poesia, e conversa boa que Sophia perdeu a paciência. Viu o nome de Joana no celular e ficou na dúvida se atendia, pensou , repensou e "fuck it", atendeu. Não deu nem tempo de respirar, Joana falava sem parar do gatinho de sábado e que Rodrigo ligou no domingo e que o gatinho da semana anterior ainda insistia, e que a praia estava bombando e blablabla... sem perceber, Sophia já com o celular longe do ouvido entendeu que se não dissesse nada naquele exato momento, ela certamente não atenderia nem a próxima, nem nunhuma outra ligação de Joana.

- Jo, para! Para de falar, eu não aguento mais. Isso é tudo que a gente tem para conversar? isso é tudo que a gente é? Duas cocotas superficias? Talvez isso seja tudo que você seja mas eu tô pulando fora. Tô aqui cercada de amigos artísticos, interessantes, inteligentes, criando poesia, cantando cartola e quando você apareceu no bina me toquei de há quanto tempo venho me afastando da sua alienação. Foi mal, acho você querida e tudo, tenho mó amor por você mas na boa, tô legal de cocotagem, boa viagem!

E desligou sem pena. Sophia era assim, toda definitiva, uma vez que se tocara de algo não costumava voltar atrás, sabia que Joana devia estar devastada ou putérrima do outro lado, mas a verdade é que realmente estava de saco cheio e não achava que havia outra maneira melhor de se afastar se não sendo sincera. Sophia detestava ter pena dos outros e nunca alimentara arrependimento, então seguiu seu dia com seus "amigos artísticos" e esqueceu das mágoas e "besteiras".

Joana ligou uma semana mais tarde, dizendo que precisava encontrar. Sophia, apesar de relutante, chegou ao Shopping da Gávea quinze minutos antes da hora que combinaram, entrou em duas ou três lojas distraida sem conseguir concentrar em nada se não a conversa por vir, estava preparada para o pior, Joana dramatizando tudo e falando o quanto Sophia era egoísta e insensível e toda a novela que estava por começar. Quando começou a se arrepender de ter aparecido, viu Joana driblando as cadeiras do Batata Inglesa, toda gazela em seu andar bailarina. Imediatamente perdeu os pensamentos e se encheu de saudades e ternura. Assumiu que sentia falta da parceria mas que mantinha as coisas que dissera, Joana bebendo o mate pelo canudinho veio com um discurso total surpresa para Sophia:

- Ai cara, tu é foda Fi! te falar que quando você desligou fiquei tão revoltada e perdida que não sabia nem o que pensar, chorei, gritei, liguei para Pedrita, que aliás so falou merda, e voltei ao limbo que eu estava, mas enquanto a semana passava fui me tocando doo mundinho que eu resolvi viver, fui me tocando das pessoas que eu tenho a minha volta e tudo que eu costumo priorizar, fui tentando ouvir mais e mais tudo que você falou no telefone e os motivos pelos quais amo tanto você. Cara, é foda falar isso, mas na real você tem razão, e por mais que não seja facínho facínho como eu queria que pudesse ser, a verdade é que eu quero mudar, cansei das amigas, das baladas, da maromba, dos gatunos babaquinhas e toda essa besteira que eu sou, quer dizer, não é que eu esteja cansaaada, isso tudo é muito legal se eu tiver um outro lado também, entende? Eu quero ser mais, eu quero começar a ler, ouvir música boa, ver filme que me afeta, sei lá...eu quero virar adulto de certa forma, quer dizer, não adulto exatamente porque tem muito adulto idiota, eu quero ter algo mais a oferecer, entende? É óbvio que você entende, era exatamente disso que você estava falando, mas eu não sei por onde começar...Me ajuda?

Estava um frio fora do normal, mesmo com o sistema de aquecimento central. Enquanto ligava a lareira olhava para o céu cheio de estrelinhas através do imensa janela para varanda, e contemplava o reflexo prateado da lua nas águas escuras do lago. Billie Holiday já não cantava mais e percebeu que estava com fome.

Descobrira sua habilidade com comida desde que havia se mudado de país, com a ausência de empregada aliás descobrira um bando de coisa: Detesteva limpar mas era compulsiva, inicialmente ia deixando juntar juntar juntar, até que um dia olhava uma manchinha na pia e se ela ousasse limpar já sabia que não iria parar até que a casa toda estivesse um brinco, limpava chão, escovava a banheira (o que mais odiava), aspirava os tapetes, limpava os ladrilhos do banheiro, ficava tão obececada que chegava a suar. Tinha horror a laundry, ô chatura que era lavar roupa, mas prefiria lavar toda semana do que não ter roupa na hora que queria; não era boa com lixo, detestava fechar o saco e leva-lo para fora e se pensasse bem, tinha que reconhecer que não era a mais animada para tarefas de casa em geral, mas sabia o prazer que sentia quando encontrava tudo limpo e em seu lugar.

Com comida era diferente, começava sempre de uma idéia solta: "molho madeira"! Dali procurava 4 ou 5 receitas na internet como guia, as adaptava ao próprio gosto e sem planejar ia criando os acompanhamentos. Devia seu talento de certa forma ao breve "casamento" com Alex e todos os truques de Chef que ele a ensinou. Adorava caramelizar cebola e quase todos seus pratos tinham cebola ou alho como base.

Cozinhar lhe dava uma certa paz, quieta com os ingredientes, cortando o coentro, lavando os tomates cereja, marinando o filé de Alaskan Halibut, ia limpando a mente, fluindo em seu pequeno objetivo da noite.
(CONTINUA)

I BELONG (amizade e tudo na vida)!

Esse final de semana, cercada de amigos, de contato, de abraço, de sorriso, de pessoas que me identifico, voltei a sentir a sensação de pertencer, de fazer parte! Vinha me sabendo despertencida desde que cheguei em LA, sem grupo, sem roda, sem identificação com nada nem ninguém. Andava assim, procurando meu lugar nesse mundo, mas tava era danado de achar.

Cada vez que me mudo, que recomeço, tropeço num mundo estranho, e fico ali tentando me convencer que pertenço, que não preciso de nada se não de mim mesma, ô mentira...

Esse sábado passado, em meio a um grupo despirocado de brasileiros queridos, redescobri minha força, meu caráter, me redescobri. Reencontrei a mulher guardada na gaveta dos fundos, a mulher que sei que sou, a pessoa que me orgulho de ser e naquele segundo decidi que chega: imediatamente perdi peso, o cabelo cresceu, as unhas se pintaram, o corpo emagreceu, um bando de livros foram e estão sendo lidos, o namorado se reapaixonou ainda mais, a comida ficou mais gostosa e a casa mais organizada, nossa...

PARA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!!!

PS: Mais do que nunca: Rio, tô chegando!!!

Friday, March 24, 2006

Sindrome de Tieta

Andava insegura ultimamente, tensa com a aquela estória de voltar à pátria depois de tantos anos depois de tudo que passou e mais ainda, de o quanto mudou. Ficava meio incerta com a exposição a crítica alheia. Não esquecia as referências de sua amiga à sindrome de Tieta. A verdade é que a pessoa que partiu sem saber 3 anos atrás não existia mais.

Pensava em suas melhores amigas, seu pai, seus irmãos e uma sensação de estrangeiro invadia; pensava em todas as expectativas dos que não a viam há tanto tempo e as vezes chegava a pensar que não queria mais ir não; Pensava em não dar na vista se se assustasse com o envelhecimento físico do pai, em não transparecer que se sentia sozinha e insegura no seu mundo novo e que o tal do sucesso ainda estava para lá de longe de ser alcançado.

Queria muito caber no mundo que cada um achava que ela vivia, queria muito ser a pessoa que merecia, mas a verdade é que os tais dos últimos 3 anos foram inicialmente feitos de inconsequência e mais tarde, como consequência, muito sufoco. Vivia de rotina e solidão, sabia que o caminho que escolhera era construído com pedrugulhos, e essa fora de certa forma o motivo da escolha de mudar pr o mundo à fora.

As vezes, quando uma certa melancolia batia na porta dos fundos, alimentava lembranças saudosistas da bolha em que antes vivia, de seu mundo perfeito que deixara para trás. Lembrava-se das grandes e lindas amigas, da faculdade caríssima, do carro do ano, das roupinhas de marca, das noitadas absurdas com grandes amigos, de tudo que seu mundo havia lhe proporcionado, e que por ter sempre sido assim, nunca percebera o valor. Lembrava-se de suas certezas: formada aos 24, carreira perfeita aos 26, filhos com 28, rica aos 30 e poucos, sempre soubera que esse era seu futuro, e certamente teria sido se não tivesse decidido mudar tudo.

A decisão de mudança veio em etapas, dos 15 dias fora resolveu que seis meses fariam mais sentido, queria "dominar a língua"; de paixão em paixão fazia cada vez mais sentido ficar. Em torno do segundo ano se viu solteira, sozinha, sem vínculos e resolveu que essa era deixa para correr atrás das próprias conquistas, para deixar para traz a segurança do berço e infrentar os gringos de cara dura, resolveu suceder sem saber como, mas mais do que tudo, resolveu alcançar tudo que antes tivera tão inato agora através de suas próprias mãos e haja doze trabalhos de Hércules no caminho.

Faziam agora mais de três anos de luta, de uma batalha com si própria e com as certezas sobre si mesma. Três anos de estranhamento, de choque cultural, de adaptação com tudo, três anos de procura por seu lugar numa terra tão desconhecida para ela, de procura pelas amizades certas e um baita de um fechamento à amizades erradas; três anos se conhecendo e se desafiando tanto que as vezes esquecia de que estava cansada.

Pensava em voltar, mas logo se tolhia, cortava os bracinhos da plantinha a crescer na tentiva de fazê-la mais forte. Se olhava no espelho e falava alto que só voltava com terreno conquistado, que sua cruzada era imprescindível e que seria inaceitável voltar por cansaço e sem os tais botões dourados na lapela.

Agora, dez dias antes da visita começara a ter pesadelos, não vinha dormindo direito desde que comprara a passagem, acordava em torno das 3, 4 da manhã e não voltava a dormir por horas, olhava para o namorado ao lado em seu sono quase infantil de tão pacífico e se sentia mais tensa ainda com a ignorância alheia, a essa altura do campeonato como é que alguém podia dormir tão bem? Era só ela que se assombrava com seus próprios dramas a ponto de gerar insônia?

Não tinha saída, o jeito era aproveitar as 24 horas de cada dia até que as fatídicas 18 horas de vôo chegassem, e dali em diante o futuro tava mais para cenas do próximo capítulo...

Thursday, March 02, 2006

Viciosinho Basico

Parei de beber que nem parei de chupar dedo, num espasmo! No segundo próximo, já nem lembrava mais que precisara de decisão...

A Verdade é que bebida nunca foi meu forte, do gosto à rebordosa, sempre prefiri uma ervinha natural, e ultimamente até dessa posso dizer que reinvindiquei, se comparada a força imensa do antigo hábito agora desadiquirido.

Numa retrospectiva, lembro agora de quando comecei com essa estória de decisões definitivas.

A primeira foi em torno dos meus 4 anos de idade. Atravessando o rio de Itaúnas lá da ponte com meu prezado pai Ed Mort, notei do alto da minha vista panorâmica, que as crianças nativas nadavam sem as tais das duas bóias fofoluchas. Intrigada que só, soltei a pergunta infantil de maior recorrência: "porquê?'. Ed explicou que elas aprenderam a nadar sem bóia. Indignada, porém mais do que tudo desafiada pela sagacidade alheia, em um ato drámatico bem Chicaniano, arranquei as bóias vermelhas de meus bracinhos e as joguei lá de cima da ponte mesmo sem arrependimento, cheia da minha bravura infatil. Naquele mesmo dia meu pai me ensinou a nadar sem as tais. É importante ressaltar que não foi um aprendizado mágico, se quer prazeroso, e sim uma forçação de barra que Ed sabe muito bem impor, a famosa técnica do "vou te soltar e você nada em minha direção, mas se preocupa não que eu to 'bem pertinho'", óbvio que o bem pertinho ficava a cada braçada mais distante, Ed sorrateiro ia dando passos maiores para trás e acabava que minha revolta se transformava, sem escolha, em busca pela minha sobrevivência, e lá ia eu contrariada e puta da vida reclamando a cada braçada até aos prantos encontrar os braços fraternos. Em torno dos sete, comecei a competir.

Depois vieram os tais dos dois dedos. Desde que me dei por gente, adquiri o hábito de chupar o "fura-bolo", e não satisfeita com a minha fixação oral e a "boca pequenininha" que deus me deu, tambêm o "cata-piolho". Chupava-os diariamente sozinha ou em público, sem sombra de culpa. Uma noite, durante meu sétimo ano de vida, enquanto deitada no sofá da sala a contemplar meu vício, me deparei com a idéia de que não cabia mais a uma mulher tão madura quanto eu mesma me considerava, andar por aí com um dedo na boca, quem diria então dois...essa foi a última vez que usei os tais dedos para um fim tão infantil. Passei a mascar chiclete.

Com os anos foi a vez do cigarro. Em algumas fases da vida, resolvi por diferentes motivos que tinha sentido fumar o tal do Marlboro, de um dia para o outro passava a comprar maço, arranjar motivo para fumar e achar legal fazer parte do clube. Fumava por meses, até ano inteiro cheguei a fumar, mas do mesmo jeito que começara eu também dava de concluir o mal-hálito, quero dizer, o mal-hábito com decisão aguda, e da noite para o dia esquecia que um dia havia fumado. Agora fumo bagulho.

Na mesma onda parei de beber depois de 3 anos de um Estados Unidos para lá de alcoólico. Transo bastante para compensar.

Entendi então, a medida que venho me conhecendo mais e mais, que não sou uma mulher de vícios patológicos apesar da minha personalidade compulsiva, porém, esse mesmo entendimento pode acabar por me pregar a pior das armadilhas: Presa a falsas certezas, achando que sou senhora soberana de meus hábitos, me convenço capaz, que seja a droga que for eu não hei de me viciar, e num reverso da fortuna, quem sabe amanhã você não esbarra numa rua escura comigo magrinha e viciada na droga-da-hora que eu me achava super-herói demais para me viciar...

Thursday, February 23, 2006

Ginastica olimpica

Meu corpo é de novo movimento, é músculo alongado retorcendo cada vértebra
Meu corpo é de novo corpo e não só massa que suporta minha cabeça agitada
Meu corpo escala paredes, tecidos, cordas e descendo em nós apertados se joga do céu sem se espatifar no chão
Meu corpo descobre amplitudes desconhecidas, novo diâmetro, imensa extensão, corpo com nova pele agora ainda mais elástica
Meu corpo invade espaços ilimitados, fronteiras de muros derrubados com piruetas siderais
Meu corpo é suspenso por força e esforço arduamente adquirido com prazer
Meu corpo se expõe e se arrisca em saltos mortais e parafernálias quase que alienígienas
Meu corpo corre com passos espaçados e sente o vento, já tão intímo, abraçando meu contorno
Meu corpo salta no ar e sozinho se enrosca de repente transformado em cambalhota voadora
Meu corpo pula entre barras e assegurado num tal de um pauzinho suspenso vira ele mesmo trapézio
Meu corpo balança entre tecidos pendentes do meu teto de nuvens e se desenrosca em seda se assanhando com o ar
Corpo que virou exercício puro, que dança novos passos e gira em circúlos findados em bananeiras
Meu corpo é agora equilíbrio, é graça, é precisão
Meu corpo nada em correntes secas e de cabeça mergulha do alto do teto estrelado
Meu corpo dá backflips em cavalos de pau, flexões em anéis acrobáticos, abdominas em bolas rolantes
Meu corpo é forte, é potente, é capaz
Meu corpo é olimpo de deuses guerreiros e caçadores
Meu corpo é de novo desafio interno, cada músculo competindo entre si numa coreografia orgânica
Meu corpo é explosão e foco, expansão e calma
Meu corpo é respiração profunda, suor que transborda, pupila dilatada e pura harmonia com o cerebrosinho chefão poderoso da coordenação motora
Meu corpo é imenso e soberano, abusado e auto-confiante e as vezes até um pouco arrogante
Meu corpo é Deus gêmeo da minha mente insaciada

Meu corpo é agora novo, renascido!
Ô ginástica olímpica para lá de danada

Wednesday, February 22, 2006

Imperdivel

CLICA NO LINK POR QUE VALE A PENA LER ESSE CONTRATO ABSURDO DE CASAMENTO...





Repulsive "Wifely Expectations" pact emerges in Iowa kidnap case


FEBRUARY 17--This country, as you know, is filled with the deranged. And then there's Travis Frey, a 33-year-old Iowa man who is facing charges that he tried to kidnap his own wife (not to mention a separate child pornography rap). Frey, prosecutors contend, apparently is a rather demanding guy. In fact, he actually drew up a bizarre four-page marriage document--a "Contract of Wifely Expectations"--that sought to establish guidelines for his spouse in terms of hygiene, clothing, and sexual activities. In return for fulfilling certain requirements, Frey (pictured right) offered "Good Behavior Days," or GBDs. Each GBD, Frey wrote, could be redeemed by his wife to "get out of doing the things" he requested daily. A copy of the proposed contract, which Frey's wife never signed and later provided to cops, can be found below. While we normally point out the highlights of most documents, there are so many in this demented, and very graphic, contract, we really can't do it justice. So set aside ten minutes--and prepare to be repulsed. (4 pages)

Thursday, February 16, 2006

Thursday, February 09, 2006

Amizade rasa
Só me deixa mais vazia

Monday, February 06, 2006

"To gravida e VOU TER..."

Caraca, então, tô aqui chocada que minha grande amiga, daquelas que crescem junto e que servem de parâmetro para idade certa de ter filhos, de "casar", de comprar casa e todas aquelas coisas de adulto as quais não existe fórmula nem idade exata para acontecer, enfim, que a minha mais que parceira tá grávida... e o mais importante, ela vai ter, aaaaaaaaaaaaaaaaah!!!

Dentre tantos pensamentos que se esbarram numa mente engarrafada como a minha, fico aqui de queixo caído com todas as questões que a novidade me faz pensar sobre: Primeiro vem aquela idéia ingrata de afastamento: "essa daí foi pra escanteio, pode apagar da lista das baladas e cocotagem", mas imediatamente eu me toco que eu mesma nem sou mais de balada e cocotagem há um bom tempo; depois chega um senso crítico maquiavélico sobre a insensatez alheia: "ih, ela despirocou geral, ter filhote a essa altura do campeonato? aos 20 e poucos anos, no auge da carreira e com namorado semi-novo??????" e quanto mais penso no pacote inteiro da vida dela, e tudo mais que faz parte do cenário, mais minha indignação vai se substituindo por satisfação e reflexão; depois vem o choque e só o choque, a ficha cai e bate o fato, sem discriminação nem preconceito, de que a fila começou, que ela é só a primeira e, mais do que tudo, o choque maior é que eu, apesar de sempre ter tido filhos como objetivo principal, ainda me sinto muito longe dessa fila; vem uma reflexão sobre os meus próprios prazos de validade, e vontades, e planos, e estrutura; vem então uma certa invejinha do momento, da barriga à crescer, das mudanças, do bebê lindo por vir, das preparações e a antecipação com o pacote inteiro, da aliança com o futuro pai, e com isso vem a dor de não estar por perto, de ser injusto querer ser madrinha uma vez que eu resolvi morar em outro continente, a dor de não aproveitar Dianinha Caçadora virando mãe, nem estar lá quando ela ficar ansiosa, inchada, emotiva... Não estar lá para sentir o bebê chutando, nem para ver o primeiro ultra-som, não estar lá para ser abraço, palavra certa ou silêncio assistido que toda gravidez demanda, e não vamos nem entrar no fato de eu não estar lá para acompanhar o parto.

O fato é que cada um tem a sua "hora certa", cada um tem um momento na vida que tudo está no lugar, ou mesmo as vezes nem tudo estando, só quem vive a estória pode sentir, e instintivamente saber, que agora é a hora. O fato é que Dianinha, assim como todas as minhas grandes amigas, é mulher pra caralho e sempre soube muito bem tomar as melhores decisões, e mesmo eu que adoro questionar tudo e todos, entendo e dou a maior força do mundo para essa nova produção. Porém mais que tudo, o fato é que as vezes esqueço que o tempo não passou só para mim, uma vez que estando longe tudo parece estar parado no mesmo lugar desde que parti, mas que as amigas de infância viraram mulheres, que as pessoas casam, têm filhos, se mudam, mudam e eu tenho que parar de me assustar quando recebo notícias do planalto.

A verdade é que é difícil estar longe quando algo tão importante acontece, e é nessas horas que eu tenho mais saudade da vida que deixei no Brasil...

E pra você Diaininha, mesmo daqui de longe, sua gravidez, sua história, sua vida, faz e sempre fará parte da minha. Parabéns pelo filhotinho que por hora mora em sua barriga e que já já vai ser o chefe da nossa gang que está por vir. Estou SEMPRE contigo!!!

Monday, January 23, 2006

"...Dizem que o amor atrai..."



Deitar na cama e ficar em conchinha até cair no sono de novo; assistir filme tão agarrado que chega a ser desconfortável e mesmo assim não querer mecher nem um dedinho; deitar a cabeça sobre o seu peito e ficar alí sentindo seu cheiro; se encarar de tão perto que os olhos duplicam sobre as testas; segurar a mão e nao soltar até suar; dar beijinhos na linha entre o pescoço e o cabelo; massagem no pé sempre e mais que tudo; sermos o melhor travisseiro um para o outro; fazer carinho nas costas dando arrepios e mais arrepios; dormir com os pés entrelaçados; amar seu rosto quando acorda…

Cantar junto qualquer música no carro; escutar as nossas músicas calados; dirigir de mão dada; reparar o sol realçando o seu perfil enquanto dirige todo tranquilo; gostar do jeito que suas mãos seguram o volante; estacionar e tomar o nosso tempo até pararmos de beijar…

Achar sentido e graça em qualquer lugar; sair para dançar, jogar sinuca, tomar alguns drinks, só nós dois; curtir cada um de "nossos" tantos restaurantes; andar de bicicleta na orla sem pressa; surfar no fim de tarde; te assitir jogando volley, você me assitir jogando futebol; malhar no mesmo horário, mesma academia mas cada um em seu tempo; caminhar sem destino, olhar lojas, sentar em cafés nas manhãs do final de semana; gargalhar em nossas idas ao super-mercado; criar pratos maravilhosos, simples, sofisticados, deliciosos sem receita nehuma, bruxaria pura que você desperta em mim; cozinhar para você, baita prazer; comer seus omeletes e sanduíches; escolher seu "outfit" da noite, adorar você escolhendo o meu; curtir muito os amigos em comum, curtir separados os amigos "exclusivos"; comprar presentinhos desnecessários um para o outro; adorar você pelado dançando pela casa; amar a nossa casa…

Analisar os amigos, rir falando mal dos não tão queridos; conversar sobre tudo e qualquer coisa; falar tudo o que sente, não guardar mágoa; zoar um ao outro; brincar de seduzir sempre; não ter vergonha de ser bobo, de dançar engraçado, de inventar música; aturar a chatura do outro sem se chatear; adorar suas imperfeições, perdoar nossas imperfeiçãos; respeitar a solidão muitas vezes necessária; ficar feliz em te ver feliz sempre; dar todo suporte quando nem tudo dá certo; amar nossos silêncios; saber pedir sincero perdão; dar força para todas as viagens de trabalho, mesmo que te levem para longe de mim; abraçar apertado quando lágrima insite em cair; falar tudo sem dizer nada; brigar sozinha quando tenho minhas raivinhas, enquanto você calmamente espera eu esfriar; ter nossos segredos; amar nossa intimidade mais que tudo…

ô namoro bom sô!

Tuesday, January 17, 2006

Ed Mort



Na onda do espírito edilsiniano politicamente incorreto e do alto de uma sórdida gargalhada diante da desgraça alheia, venho por meio desta reacender as chamas do inferno que hão de me queimar se um dia, por alguma desventura do caminho, eu perder minha imortalidade.

Hoje, depois de ter dado a tal da gargalhada rasgada na colega de escritório que deu um mole fudido e tava lá toda sem graça com a própria ignorância, e de ter outro co-worker braguejando que eu precisaria de vários Hard Drives para ter espaço o suficiente para escrever um pequeno resumo auto-biográfico sobre sarcasmo, tive então que relembrar minhas raízes e tudo que meu estimado pai Ed Mort, o qual recentemente mudou seu nome para Ed Vida numa tentativa de convencer os demais de sua alma limpa e seu tão bom coração... enfim, de tudo que o Ed Vida me ensinou e me "des-ensinou," quando com ele fui morar em torno dos meus 19 anos...

Sendo criada por uma mãe ética e generosa, com valores tão nobres, a qual sempre escolheu fazer a coisa certa mesmo quando "dar um jeitinho" teria resolvido, a mudança para casa do Ed trouxe sem dúvida novos conceitos e perspectivas à minha cabecinha já nem um pouco adolescente.

Verdade seja dita, sempre fui mazinha e sarcástica, e posso dizer que a raiz da minha maldade foi a maldade dirigida a mim durante minha primeira infância, em função de uma boca que de infantil nao tinha nada, e que até meus 12 anos me assombrou.

Aprendi em torno dos 7 anos que se eu usasse minha crescente criatividade e zoasse os outros (ou mordesse, caso o "outro" fosse do sexo oposto) antes de ser zoada, eu conseguia tirar minha boca do foco de mal atenção. Com o tempo, criei técnicas avançadas de zoação e peguei vários para Cristo. Criei traumas "seríssimos" em uma das minhas melhores amiguinhas (que cá para nos bem que merecia, sempre puxando o saco do grupinho das cocotas e sendo Maria-vai-com-as-outras), e marquei a infância de diversas crianças, que hoje adultos ao esbarrarem comigo insistem em me mostrar, às gargalhadas (?), a marca de uma das minhas mordidas, ou contar todo o sofrimento que o apelido por mim dado gerou.

O fato é que nunca tive vergonha de trazer à tona meu lado diabólico, e acho que se for parar para pensar, antes ser diabólica engraçadinha em público, fazendo minhas maldadezinhas brancas, do que me fazer de Poliana e por dentro ser pútrida como a maioria dos queridinhos desse mundo. É importante ressaltar que não desejo e não faço mal à ninguém, porém não hesito em gargalhar se um desavisado atropeçar numa casca de banana, e vou ser a primeira a dizer na lata que alguém engordou. Ah, é importante enfatizar também que me incluo nas minhas críticas, tenho uma vocação maravilhosa para rir da minha própria desgraça.

Mas voltando a vaca fria, hoje do alto da minha gargalhada, lembrei de alguns ditos que meu pai sabiamente me ensinou e eu passarei orgulhosamente de geração para geração em minha família:

Primeiro sobre mim:
"Essa Chiquinha não é flor que se cheire"
"Quem não te conhece que te compre, minha filha querida"
"Deus não dá asa a cobra"
"Criei meus filhos para o mundo, sai da minha asa jacaré"
"Chiquinha, minha diaba loura"
"Que Alá te proteja" (quando desliga o telefone, e não, Ed pode ser tudo menos religioso)

Sobre ele mesmo:
"Eu era tão feio, mas tão feio, que meu apelido era "Praga de Mãe", e se algum dos meus coleguinhas fizesse algo errado, as mães jah gritavam alto: "se ficar de mal-criação vai ficar feio igual ao Edilsinho"
"Toda toalha de seda tem sua franja de algodão"
"Tô certo ou estou certo?"
"Vou comer até o cu fazer bico"
"Chiquinha, morde meu ombro que eu preciso recobrar minha energia"
"Com calma e serenidade assistiremos à transformação da folha de amoreira em seda"
"Intimidade só gera filhos e aborrecimentos"
"Amar, pagar paixão, e essa estória de relacionamento é tudo bobagem, coisa para otário"
"Queres problemas; tem filhos. Queres inimigos: empresta dinheiro"
"Não cutuca cobra com vara curta" (quando eu invento de encher o saco dele)

Sobre os outros:
"Tem coisa melhor do que falar mal de amigo"
"Quem, o Paulinho, aquele piroquinha de jabuti?"
"Nada melhor do que rir da desgraça alheia"
"Detesto fazer favor"
"O que você nao me pede rindo que eu nao faço chorando"
"Sou crioulo então posso falar mal de crioulo"
"Medicos, advogados, Tijucanos e fumantes, oh povinho brega e careta"
"Todo gordo é legal, tem que ser né..."
"Nao basta ser gente boa, de gente boa o inferno tá cheio"

•Quando em uma fila de super-mercado, Ed Bonitao não hesita em dar um arroto matador e acusar o filho que estiver mais próximo;
•Ed é sempre o primeiro a soltar pum no elevador;
•Ed manda na lata de qualquer amiga minha que ele acabou de conhecer, que ela precisa da dieta do arroz integral urgente, uma vez que quando ele apertou inocentemente a bunda dela (?) o resultado não foi tão firme quanto ele esperava.
•Ed aliás, adora apavorar amiguinhos meus, se faz de caretérrimo quando esbarra comigo fumando um baseadinho no quarto com os amigos da faculdade e deixa geral sem saber o que fazer.
•Ed atende ligação de namorado meu e diz que um "rapaz," ou o "Paulo Antônio" (???), já passou para me buscar, isso quando ele nao volta e imita minha voz, todo sedutor
•Ed inclusive não hesita em pegar a extensão e dar uma zoadinha, no caso eu esteja meio alterada numa ligação com namorado
•Ed adora falar mal de mim para o meu irmão e do meu irmão para mim.
•Ed tem sempre mais de uma namorada, e qualquer artefato nao identificado encontrado por uma delas em casa (de brincos a calcinhas) são e serão sempre da Chica, por mais que eu já nao more lá há anos.
•Ed vende a imagem de anti-carne vermelha/pizza/refrigerante, mas nao posso entrar à fundo nesse específico assunto ou corro sério risco de perder anos de contato com meu prezado pai
•Ed me chama de Roberto Carlos por causa das minhas pernas.
•Ed acorda insuportavelmente bem humorado por volta das cinco da manhã e fará de tudo para acordar quem estiver por perto
•Ed nunca dividiu, e ressaltando, jamais dividirá comida igualmente, nem com os filhos nem com ninguém.
•Ed esconde os queijos e castanhas quando eu estou em casa.
•Ed diz que seu maior sonho sempre foi ter piolho, uma vez que seu maior prazer é receber qualquer forma de contato físico
•Ed diz também que sonha em implantar pentelho na careca (oops, careca não que ele está longe disso) por que nunca ouviu falar em uma pessoa careca na zona púbica.
•Ed reconhece o cantar de uma variedade de pássaros e sem dúvida escolhe frutas como ninguém.
•Ed nos botava para dormir contando lendas indígenas. Tendo índio Bruno e índia Chica sempre como personagens principais, e índio Edilson salvando a mocinha com bum-bums fétidos o bastante para matar qualquer jacaré.

Ed sem dúvida é uma figura única, personagem singular dessa mistura de Amazônia com Rio de janeiro, o qual eu não poderia ter mais orgulho de ser meu pai. Ed é o culpado maior pela minha crueldade branca e a filhotinha de cobra que sou, mas é também responsável por grande parte da minha garra e minha atitude pé-no-chão. Ed acima de qualquer coisa me ensinou sensatez e faz de tudo para me ensinar serenidade. Ed junto à Dona Beth, me passou esse senso crítico e a gana por cultura, leitura e aprendizagem em geral. Ed infestou minha vida de bom humor e me mostrou que nao há nada melhor do que uma cantoria alta pela manhã ("Chiquinha, eu fiz tuuuuuuudo para você gostar de mim...). Ed me ensinou afeto, abraço, massagem no pé e sempre exigiu todo o cafuné que tem direito. Ed lidou com minhas loucuras, sempre me dando toques e esporros pertinentes, porém mais do que tudo, me deu e dá todo suporte nas minhas decisões e também nos perrengues que de quando em vez a vida me proporciona.

Ed é meu pai amado, Edilson Rodrigues Martins, e haja papel para expressar a saudade que sinto de você.

Monday, January 16, 2006

"The nail that sticks out gets hammered in"



Da serie "Nao me Arrisco Nem que a Vaca Tussa":

Antes me manter para sempre no mesmo lugar,
Mesmo que esse lugar nao seja lugar nenhum,
Do que tentar e ter o fracasso como risco

Antes nao me envolver
Do que me permitir me apaixonar
E correr o risco de sofrer

Antes nao falar nada
Do que falar
E correr o risco de nao ser ouvido
Ou pior,
Correr o risco terrivel de ser questionado

Antes nao querer nada
Do que querer
E correr o risco de jamais conseguir

Antes nao sentir nada
Do que correr o risco de ser feliz


"Sou acomodado sim e com muito orgulho"



Uma nova geracao de adolescentes asiaticos, chega a ficar ateh 15 anos trancados no quarto...
(clica no titulo desse blog se quiser ver o artigo genial do NY Times)

Logo apos ter escrito um artigo sobre amizade, solidao, mas principalmente adaptacao, dei de cara com esse artigo do Times. Fiquei pensando sobre o ditado japones "The nail that sticks out gets hammered in" e o quanto feliz eu estou com a minha sanidade mental e todos os riscos que vivo tomando. Quem sou eu para falar de solidao!


"NAO VOU ME ADAPTAR!"
(to puro Titans hoje)

De Gente Boa o Inferno Tah Cheio

Eu olhando nos olhos da amizade, oh primatinha para ser dificil...


Primeiro foi Dianinha Caçadora, 6 dias grudadas no Havai, paraiso perfeito para uma viagem que quase nao acontecia, e de repente lá eramos duas, sentadas nas areias de Pipeline, amigas como sempre, íntimas como se 3 anos nem houvessem passado, fumando nosso baseadinho e contando estórias que nem boi durmiria se ouvisse.

Quatro dias depois, Manu pula de trás da cortina e lá vem ela, cabelos longos, toda morena, toda linda, toda Manu. Naquele abração primeiro, depois de tantos anos sem se ver ao vivo, guardada ela como imagem sólida no pensamento e muita voz no telefone, letrinhas no MSN, Manu me abraça e uma estranha sensação de casa, de pátria me assola. Jogada alí em nosso abraço apertado, reconheço o cheiro de Manu como reconheço a textura das palmas de minha mãe.

Dois encontros que, nem se eu rezasse, eu teria fé o bastante para pedir. Mas Deus, que de quando em vez ouve até as preces mais silenciosas, me mandou minhas amigas de presente de natal, mandou nelas as sete ondinhas dos desejos de ano novo e hoje me bateu que eu tenho que sair do trabalho e botar umas flores no mar para agradecer toda essa simpatia.

Ultimamente os desencontros vem fazendo mais parte da minha vida do que a tal da arte do encontro, e já cansada as vezes padeço calada com minha solidão norte-americana. Hoje, ainda transbordando com os pequenos encontros a mim proporcionados nesse início de ano, flutuo nessa alegria e também na memória da vida no Brasil, memória das amizades sólidas que lá deixei e dos encontros furtivos do dia a dia, que hoje ganham mais valor do que nunca. Sento aqui com meu machismo, besta com a estupidez da achologia de que só homem não dá valor ao que tem...papinho furado que só, sou eu mulher e hoje, vivendo tão longe, aprendi a verdadeiramente valorizar minha família e ainda mais meus amigos.

Tenho vida atual, tenho um namorado realmente maravilhoso, tenho nossa casita linda, tenho emprego que paga as contas e um estilo de vida que nao posso reclamar, mas com meus três melhores amigos nessa America contados nos dedos, e cativados com todo o carinho e zelo que amizade merece, vivo a me perguntar onde mora o círculo das grandes amizades.

Conheci tantas pessoas desde que cheguei e diferentes grupos que faço parte, criei amizades íntimas, algumas não tão sinceras que morreram como brotaram, outras que perduram belas; criei tantos "amiguitos", daqueles de ir para festa/praia/jantares; criei confidentes e queridos, mas a verdade é que nao conheci mais do que três pessoas que quero levar para vida, há sempre uma escassez de afinidade profunda com as pessoas que conheci.

Não basta ser gente boa para ser amigo, meu pai sabiamente diz que "de gente boa o inferno tá cheio". Para ser irmão tem que ser mais que bom coração, tem que haver uma afinidade de interesses, um ponto de encontro nos estilos e humor por mais diferentes que cada um seja, e mais do que tudo, nao há para mim intensa amizade sem profunda admiração pelo outro. Acho que desde que cheguei aqui, nao conheci mais do que as tais três pessoas que admiro.

No início me enchi de conhecidos e com o tempo, a cada dia me tornei mais seletiva. Não preciso de amizade raza fantasiada de melhor amiga, só para tapar buraco. Meu namo vive dizendo que eu devia dar mais oportunidade para as pessoas que conheco...ele ainda nao me entendeu, nao entendeu do que sou feita, nao entendeu que nao quero amizade Hollywood, nem espero tirar leite de pedra. A gente sempre sabe quem é colega e quem tem aquele algo mais que combina com nosso jeito particular de encarar esse mundo. Não trago para casa mas amiguinhos, tenho as ruas para encontrá-los, nao me confidencio com colegas, e nao considero amigo para vida se não tiver liberdade e afinidade para trocar reflexão, pensamento, questão e não só fofoca divertida. Foi mal, mas sem cultura, sem reflexão, sem interesse por algo mais que o dia a dia, nao tem graça que desperte em mim amizade.

Tô procurando nos lugares errados.

Frio Fudido

Céu estrelado, lua cheia...
Oh paradoxo com esse vento gelado

Noites frias fazem de mim
Saudosa que só do meu tempo de Brasil

Friday, January 13, 2006

Thursday, January 12, 2006

NY Times Article about courtship!

After Googling and Bikramming to get ready for a first dinner date, a modern girl will end the evening with the Offering, an insincere bid to help pay the check. "They make like they are heading into their bag after a meal, but it is a dodge," Marc Santora, a 30-year-old Metro reporter for The Times, says. "They know you will stop them before a credit card can be drawn. If you don't, they hold it against you."
...

When I asked a young man at my gym how he and his lawyer girlfriend were going to divide the costs on a California vacation, he looked askance. "She never offers," he replied. "And I like paying for her." It is, as one guy said, "one of the few remaining ways we can demonstrate our manhood."
One of my girlfriends, a TV producer in New York, told me much the same thing: "If you offer, and they accept, then it's over."

Welcome to Unites States!!! Achei genial, tive q botar aqui!

Trechos do artigo "What's a Modern Girl to Do" escrito por Maureen Dowd e publicado no NY Times: October 30, 2005
O artigo inteiro pode ser encontrado no link abaixo:

http://www.nytimes.com/2005/10/30/magazine/30feminism.html?pagewanted=1&ei=5087&en=4c0bd9b9392f83a7&ex=1152421200&nl=ep&emc=ep

O Tal do Ciume...

Sempre gostei de uma torturinha, normalmente mais ativamente, porém as vezes dou uma desviada para a passividade. Ultimamente criei o péssimo hábito de futucar casa de marimbondo. Curiosa sempre fui, sempre quis procurar caixinhas antigas com as cartinhas de ex-namoradas, sempre imaginei entrar de gaiata no e-mail do namorado e ver tudo que tá rolando, sempre quis olhar as ultimas chamadas no telefone, mas a parte boa é que nunca olhei, quer dizer quase nunca né, mas nunca foi uma missão, sempre foi um desaviso da ocasião que me largou ali frente a frente com o terreno inimigo, e por ironia do destino, sozinha. Mesmo assim fiz boas escolhas, e na grande maioria das vezes, nao fui em frente, deixei o celular/e-mail/carteira quietinhos lá na deles.

Porém há duas semanas atrás tive um pequeno surto.

Começou numa noite em casa, sentada no sofá com meu “namorido”, em que lembrei de checar meu e-mail. Entrei no escritório desavisada e o e-mail do namo estava lá, arreganhado, todo sedutor querendo ser lido. Inicialmente nem pensei, botei o mouse no Xzinho vermelho e já estava à beira de fechar a página quando de relance notei um nome indesejado. Imediatamente senti um frio na barriga, fiquei ali parada com o tal do nome me encarando, todo desafiador, eu ainda batalhei, tentei dar uma de "tá olhando o que?" e virar as costas mas ele veio por trás e me cutucou. Ainda fiquei naquela "encaro ou nao encaro", meio que revivendo aquela sensação de estar para ser assaltada e nao saber se corro ou me faço de valente. Enfim, a curiosidade matou o gato, resolvi encarar e sai entrando, abri o e-mail sem pena já pronta para montar o “arm-lock", suando e a cada frase ficando mais confusa e tensa. O e-mail era curto, era da ex-namorada que o deixou para trás e agora com ciuminho da namorada nova (eu), tentava de alguma forma ser querida de novo, bom, na verdade essa foi minha interpretação.

Interpretção eh a raiz do ciúme, tudo depende da perspectiva escolhida. A maioria das mulheres que conheço tem uma imaginação pra lá de fértil, basta uns dois atrasos seguidos e algumas ligações “suspeitas” lá vão elas à criar fábulas de um caso secreto, dali tudo vira pista, qualquer atividade nao explicada se torna mais uma peça do quebra-cabeça, até que em algum momento a realidade vem à tona, e na maioria das vezes elas estão completamente erradas. Junto com a “quebrada de cara” vem uma vergonhinha da própria loucura.

A verdade é que o tal do e-mail nao dizia quase nada, num dia de sol poderia querer dizer nada mais do que um vínculo natural entre duas pessoas que um dia se gostaram, porém num dia de chuva poderia querer dizer que eles vinham se comunicando com planos secretos de talvez se verem, poderia dizer que eles mantinham contato amigável numa tentativa inconsciente (ou ateh consciente) de reencontro, e num dia de tempestade, poderia querer dizer até, que não só eles já vinham se vendo, como desenvolveram um código secreto de comunicação, no caso um dia eu virasse a neurótica que obviamente naquele momento me tornei.

O tal do e-mail veio de surpresa, a verdade é que eu estava no melhor da relação, morando junto lindamente, mas do que nunca segura e feliz. O e-mail foi minha auto-armadilha.

Fiquei quieta por um tempo, revoltada em não saber que eles vinham se falando; fiquei obcecada, neurótica, quis chorar; fiquei traída, insegura, triste pela cumplicidade dos dois; fiquei mais suada ainda e quis perguntar, brigar, terminar; quis futricar tudo, ver todos os e-mails dos ultimos 5 meses, quis procurar a tal da caixinhas de cartas antigas, quis invadir geral: telefone/carteira/gavetas/cabeca, quis saber tudo e quis tanto que me assustei com a minha própria neurose.

Quieta com minha mente pensei nos meus e-mails, na minha caixinha, no meu celular, e quanto mais pensava mas sem graça ficava. Pensei na motivação por trás dos tais e-mails, ligações, e até olhares, pensei na epífane que tive em torno dos meus 20 anos quando depois de um namorado neurótico entendi que não há como controlar vontade alheia. Pensei em tudo que naquele momento esqueci e violei.

Do ponto de vista monogâmico que escolhi para meus relacionamentos, sei a essa altura do campeonato, e sabemos todos (?), que ciúme saudável é natural, há sempre uma sensação de posse quando há um "contrato" de exclusividade e até os mais “não tô nem ai” tem momentos inseguros. Descobri há muito tempo que a minha insegurança nao determina as escolhas de namorado nenhum, e que controle só serve para desgastar. Mas mais que tudo isso, sei que o ser humano é parte flerte e puro flerte, que vontade “dá e passa”, que é natural (e espero que sempre seja) uma certa puladinha de muro inocente (pessoalmente, nao tô falando de sexo, beijo…), é saudavel desejar outros mesmo quando já temos um, é natural brincar de trocar e-mails “inocentes” sem plano nenhum de encontro, é natural esse testar do amor, essa brincadeira com o próprio gostar.

Sentada sozinha no escritório, num momento pós surto neurótico, surgiu em mim um amor adulto, pacífico, acolhedor, surgiu uma calma e uma profunda auto segurança. Após meus talvez nem 15 minutos de intenso sufoco, voltei para sala com uma cara engracada, de quem comeu e não contou, abracei o Chris com mais braço, mais abraço e deitada em seu colo esqueci do tal do ciúme.

Eu costumava escrever bem...

Eu costumava escrever bem, agora vivo confusa num kung fu interno com essa lingua estrangeira que vivo. Sonho em ingles, falo mais em ingles que portugues, trabalho em ingles, mas ainda sinto em portugues...haja coordenacao mental para escolher as palavras certas na hora de expressar pensamentos exatos num papel em branco.

Sei que minha escrita empobreceu, antes meu particular processo criativo de montar a primeira frase na cabeca e dai praticamente cuspir um texto sem ao menos precisar respirar, agora tropeca em pedrinhas de palavras "portuinglesas" que formam sem aviso. Esqueci palavras, vivo confundindo qual artigo a ser usado, mudo o final de tantos sujeitos, nossa, vou te contar, minha cabeca virou o samba do crioulo doido.

Venho tendo que pegar freeways no pensamento na tentativa de resumir aquela uminha palavra que tah lah no fundo da mente, mas que sacana que soh, resolveu nao vir a margem (tah vendo, tava procurando "emergir" e agora relendo o texto veio...).

Tantas vezes escrevo a tal da primeira frase em portugues, a partir dai assegurada do conteudo, mas chegando lah pela terceira frase comeco a engasgar no mal-vindo ingles, penso em palavras que nao sei traduzir, penso em expressoes que perdem o sentido se nao na lingua patria, escrevo verbo antes de sujeito e acabo por resolver recomecar tudo de novo em ingles ou simplesmente desisto por que me frustro com a minha pobre escrita.

Sei que preciso achar mais tempo para ler mais, pelo menos dois livros ao mesmo tempo, um em cada lingua, mais as vezes "procrastino", as vezes mergulho em um livro que exije exclusividade.

O pior ainda estah por vir, tenho pelo menos ainda mais duas linguas para aprender...

Wednesday, January 04, 2006

A Procura...

Nao quero ler poesia vazia nem palavras complicadas, nao quero decifrar charadas razas e textos construidos com mais sofitiscacao e menos sentido. Nao quero provas de que sabes escrever, nem de seu vasto vocabulario que mal sabes empregar. Nao quero artigos diarios que imediatamente esqueco jah ter lido, nao quero letrinhas e mais letrinhas exaurindo minha vista jah pra lah de cansada.

Continuo eu a procurar. Tantos nomes e links e referencias me levaram a retalhinhos do que anseio. Tantos sites, bibliotecas, livros, amigos, tantas diferentes fontes de pesquisa que revirei e no final me deixaram aqui calada, com um resquicio de boa leitura adocicando minha boca de leitora orfa.

A mim sobra sempre uma certa frustracao motivada pelo saber de que tantos textos flutuam nesse mundo de codigos, linguas, bibliotecas, que tantos autores com seus artigos e colunas, navegam incognitos para mim, e quanto mais os descubro, mais escritores brotam em meu solo.

Sempre que termino uma boa leitura nasce uma angustia imediata, uma necessidade ansiosa e ateh um pouco neurotica de encontrar aquele texto exato que sacia a sede, meio que uma frustracao saudavel que involuntariamente me inspira a construir sequencias de palavras cheias do meu sentido e me motiva a achar novas fontes. Nao adianta empilhar livros, nem premeditar o proximo a ser lido, nao para mim, a cada texto findado nasce em mim um novo desejo, e o antes planejado perde o sentido.

E da serie “males que vem para o bem”: O fato e que a procura ha de ser infinita e incessante, hei de nao me dar por saciada e querer sempre mais e mais retalhos de pensamentos alheios, hei de nao esgotar jamais essa fome de palavras.