Tuesday, April 05, 2016

A concha e o Caramujo

Todo dia quando acordo mergulhada em sua temperatura, encosto sola do pé na tua pele e afundo em textura de sono leve, despertando enrolada de sonho, preguiça espreguiçada. Todo dia você caminha levemente a palma da mão sobre minhas costas, minha bunda, e a gente ainda de olho fechado se aperta rindo, se amassa sem pressa antes do dia ruir luz pelas nossas frestas. Você me puxa para perto, me envelopa de lado, meu porto seguro. E em concha a gente fica, eu de caramujo no refúgio, quieta em teu canto, gargalhando por dentro, nessa ternura que mora em seus braços. Mais tarde na sala, logo antes de você ir pro mundo, te assisto aí na mesinha de madeira, luz da manhã hoje nublada derramada no seu rosto, pescoço, torso, te vejo me olhando e te olho mais fundo, percebo o profundo nas águas rasas dos teus olhos e te amo mais ainda.