Tuesday, August 28, 2007

Divino

Quero céu aberto
Sem pirambeira nem murada
De onde posso ver todo hemisfério que carrega meu chão

Vez em quando danço em circúlos desatados de braços abertos brincando com o vento
Fazendo do ar meu namorado mais antigo
Sei então que sou feita da mesma terra do mesmo céu do mesmo ar que respiro
Água corrente que nossos corpos são

De cabeça mergulho em parafusos nesse oceanão azul
Viro água-pedra-peixe
Esqueço dos limites da pele que proteje minha carne
Ignoro minhas fronteiras

Sou fluído divino das mesmas partículas que formam toda matéria
Sou planeta
Somos Universo

Somos todos um só organismo pulsante
Transbordante de dor e alegria amor e guerra luz e escuridão
Somos uma série de eventos afortunados
Um causando no outro e no outro e no outro
Num dominó infinito de afetos e consequências
Desencadeamos um ao outro tempestades e correntezas planetárias

Com isso todo humano é divino
Tudo que constítue esse mundo é por sí só um componente da mesma célula gigante
Dessa misteriosa galáxia
Desse Deus sem forma exata que mora em cada coisinha desse mundão

Venho encontrando o Divino em mim
Deus mora na gente

E me desculpe vovúxa amada
Isso não tem nada haver com religião