Thursday, March 02, 2006

Viciosinho Basico

Parei de beber que nem parei de chupar dedo, num espasmo! No segundo próximo, já nem lembrava mais que precisara de decisão...

A Verdade é que bebida nunca foi meu forte, do gosto à rebordosa, sempre prefiri uma ervinha natural, e ultimamente até dessa posso dizer que reinvindiquei, se comparada a força imensa do antigo hábito agora desadiquirido.

Numa retrospectiva, lembro agora de quando comecei com essa estória de decisões definitivas.

A primeira foi em torno dos meus 4 anos de idade. Atravessando o rio de Itaúnas lá da ponte com meu prezado pai Ed Mort, notei do alto da minha vista panorâmica, que as crianças nativas nadavam sem as tais das duas bóias fofoluchas. Intrigada que só, soltei a pergunta infantil de maior recorrência: "porquê?'. Ed explicou que elas aprenderam a nadar sem bóia. Indignada, porém mais do que tudo desafiada pela sagacidade alheia, em um ato drámatico bem Chicaniano, arranquei as bóias vermelhas de meus bracinhos e as joguei lá de cima da ponte mesmo sem arrependimento, cheia da minha bravura infatil. Naquele mesmo dia meu pai me ensinou a nadar sem as tais. É importante ressaltar que não foi um aprendizado mágico, se quer prazeroso, e sim uma forçação de barra que Ed sabe muito bem impor, a famosa técnica do "vou te soltar e você nada em minha direção, mas se preocupa não que eu to 'bem pertinho'", óbvio que o bem pertinho ficava a cada braçada mais distante, Ed sorrateiro ia dando passos maiores para trás e acabava que minha revolta se transformava, sem escolha, em busca pela minha sobrevivência, e lá ia eu contrariada e puta da vida reclamando a cada braçada até aos prantos encontrar os braços fraternos. Em torno dos sete, comecei a competir.

Depois vieram os tais dos dois dedos. Desde que me dei por gente, adquiri o hábito de chupar o "fura-bolo", e não satisfeita com a minha fixação oral e a "boca pequenininha" que deus me deu, tambêm o "cata-piolho". Chupava-os diariamente sozinha ou em público, sem sombra de culpa. Uma noite, durante meu sétimo ano de vida, enquanto deitada no sofá da sala a contemplar meu vício, me deparei com a idéia de que não cabia mais a uma mulher tão madura quanto eu mesma me considerava, andar por aí com um dedo na boca, quem diria então dois...essa foi a última vez que usei os tais dedos para um fim tão infantil. Passei a mascar chiclete.

Com os anos foi a vez do cigarro. Em algumas fases da vida, resolvi por diferentes motivos que tinha sentido fumar o tal do Marlboro, de um dia para o outro passava a comprar maço, arranjar motivo para fumar e achar legal fazer parte do clube. Fumava por meses, até ano inteiro cheguei a fumar, mas do mesmo jeito que começara eu também dava de concluir o mal-hálito, quero dizer, o mal-hábito com decisão aguda, e da noite para o dia esquecia que um dia havia fumado. Agora fumo bagulho.

Na mesma onda parei de beber depois de 3 anos de um Estados Unidos para lá de alcoólico. Transo bastante para compensar.

Entendi então, a medida que venho me conhecendo mais e mais, que não sou uma mulher de vícios patológicos apesar da minha personalidade compulsiva, porém, esse mesmo entendimento pode acabar por me pregar a pior das armadilhas: Presa a falsas certezas, achando que sou senhora soberana de meus hábitos, me convenço capaz, que seja a droga que for eu não hei de me viciar, e num reverso da fortuna, quem sabe amanhã você não esbarra numa rua escura comigo magrinha e viciada na droga-da-hora que eu me achava super-herói demais para me viciar...