Monday, January 23, 2006

"...Dizem que o amor atrai..."



Deitar na cama e ficar em conchinha até cair no sono de novo; assistir filme tão agarrado que chega a ser desconfortável e mesmo assim não querer mecher nem um dedinho; deitar a cabeça sobre o seu peito e ficar alí sentindo seu cheiro; se encarar de tão perto que os olhos duplicam sobre as testas; segurar a mão e nao soltar até suar; dar beijinhos na linha entre o pescoço e o cabelo; massagem no pé sempre e mais que tudo; sermos o melhor travisseiro um para o outro; fazer carinho nas costas dando arrepios e mais arrepios; dormir com os pés entrelaçados; amar seu rosto quando acorda…

Cantar junto qualquer música no carro; escutar as nossas músicas calados; dirigir de mão dada; reparar o sol realçando o seu perfil enquanto dirige todo tranquilo; gostar do jeito que suas mãos seguram o volante; estacionar e tomar o nosso tempo até pararmos de beijar…

Achar sentido e graça em qualquer lugar; sair para dançar, jogar sinuca, tomar alguns drinks, só nós dois; curtir cada um de "nossos" tantos restaurantes; andar de bicicleta na orla sem pressa; surfar no fim de tarde; te assitir jogando volley, você me assitir jogando futebol; malhar no mesmo horário, mesma academia mas cada um em seu tempo; caminhar sem destino, olhar lojas, sentar em cafés nas manhãs do final de semana; gargalhar em nossas idas ao super-mercado; criar pratos maravilhosos, simples, sofisticados, deliciosos sem receita nehuma, bruxaria pura que você desperta em mim; cozinhar para você, baita prazer; comer seus omeletes e sanduíches; escolher seu "outfit" da noite, adorar você escolhendo o meu; curtir muito os amigos em comum, curtir separados os amigos "exclusivos"; comprar presentinhos desnecessários um para o outro; adorar você pelado dançando pela casa; amar a nossa casa…

Analisar os amigos, rir falando mal dos não tão queridos; conversar sobre tudo e qualquer coisa; falar tudo o que sente, não guardar mágoa; zoar um ao outro; brincar de seduzir sempre; não ter vergonha de ser bobo, de dançar engraçado, de inventar música; aturar a chatura do outro sem se chatear; adorar suas imperfeições, perdoar nossas imperfeiçãos; respeitar a solidão muitas vezes necessária; ficar feliz em te ver feliz sempre; dar todo suporte quando nem tudo dá certo; amar nossos silêncios; saber pedir sincero perdão; dar força para todas as viagens de trabalho, mesmo que te levem para longe de mim; abraçar apertado quando lágrima insite em cair; falar tudo sem dizer nada; brigar sozinha quando tenho minhas raivinhas, enquanto você calmamente espera eu esfriar; ter nossos segredos; amar nossa intimidade mais que tudo…

ô namoro bom sô!

Tuesday, January 17, 2006

Ed Mort



Na onda do espírito edilsiniano politicamente incorreto e do alto de uma sórdida gargalhada diante da desgraça alheia, venho por meio desta reacender as chamas do inferno que hão de me queimar se um dia, por alguma desventura do caminho, eu perder minha imortalidade.

Hoje, depois de ter dado a tal da gargalhada rasgada na colega de escritório que deu um mole fudido e tava lá toda sem graça com a própria ignorância, e de ter outro co-worker braguejando que eu precisaria de vários Hard Drives para ter espaço o suficiente para escrever um pequeno resumo auto-biográfico sobre sarcasmo, tive então que relembrar minhas raízes e tudo que meu estimado pai Ed Mort, o qual recentemente mudou seu nome para Ed Vida numa tentativa de convencer os demais de sua alma limpa e seu tão bom coração... enfim, de tudo que o Ed Vida me ensinou e me "des-ensinou," quando com ele fui morar em torno dos meus 19 anos...

Sendo criada por uma mãe ética e generosa, com valores tão nobres, a qual sempre escolheu fazer a coisa certa mesmo quando "dar um jeitinho" teria resolvido, a mudança para casa do Ed trouxe sem dúvida novos conceitos e perspectivas à minha cabecinha já nem um pouco adolescente.

Verdade seja dita, sempre fui mazinha e sarcástica, e posso dizer que a raiz da minha maldade foi a maldade dirigida a mim durante minha primeira infância, em função de uma boca que de infantil nao tinha nada, e que até meus 12 anos me assombrou.

Aprendi em torno dos 7 anos que se eu usasse minha crescente criatividade e zoasse os outros (ou mordesse, caso o "outro" fosse do sexo oposto) antes de ser zoada, eu conseguia tirar minha boca do foco de mal atenção. Com o tempo, criei técnicas avançadas de zoação e peguei vários para Cristo. Criei traumas "seríssimos" em uma das minhas melhores amiguinhas (que cá para nos bem que merecia, sempre puxando o saco do grupinho das cocotas e sendo Maria-vai-com-as-outras), e marquei a infância de diversas crianças, que hoje adultos ao esbarrarem comigo insistem em me mostrar, às gargalhadas (?), a marca de uma das minhas mordidas, ou contar todo o sofrimento que o apelido por mim dado gerou.

O fato é que nunca tive vergonha de trazer à tona meu lado diabólico, e acho que se for parar para pensar, antes ser diabólica engraçadinha em público, fazendo minhas maldadezinhas brancas, do que me fazer de Poliana e por dentro ser pútrida como a maioria dos queridinhos desse mundo. É importante ressaltar que não desejo e não faço mal à ninguém, porém não hesito em gargalhar se um desavisado atropeçar numa casca de banana, e vou ser a primeira a dizer na lata que alguém engordou. Ah, é importante enfatizar também que me incluo nas minhas críticas, tenho uma vocação maravilhosa para rir da minha própria desgraça.

Mas voltando a vaca fria, hoje do alto da minha gargalhada, lembrei de alguns ditos que meu pai sabiamente me ensinou e eu passarei orgulhosamente de geração para geração em minha família:

Primeiro sobre mim:
"Essa Chiquinha não é flor que se cheire"
"Quem não te conhece que te compre, minha filha querida"
"Deus não dá asa a cobra"
"Criei meus filhos para o mundo, sai da minha asa jacaré"
"Chiquinha, minha diaba loura"
"Que Alá te proteja" (quando desliga o telefone, e não, Ed pode ser tudo menos religioso)

Sobre ele mesmo:
"Eu era tão feio, mas tão feio, que meu apelido era "Praga de Mãe", e se algum dos meus coleguinhas fizesse algo errado, as mães jah gritavam alto: "se ficar de mal-criação vai ficar feio igual ao Edilsinho"
"Toda toalha de seda tem sua franja de algodão"
"Tô certo ou estou certo?"
"Vou comer até o cu fazer bico"
"Chiquinha, morde meu ombro que eu preciso recobrar minha energia"
"Com calma e serenidade assistiremos à transformação da folha de amoreira em seda"
"Intimidade só gera filhos e aborrecimentos"
"Amar, pagar paixão, e essa estória de relacionamento é tudo bobagem, coisa para otário"
"Queres problemas; tem filhos. Queres inimigos: empresta dinheiro"
"Não cutuca cobra com vara curta" (quando eu invento de encher o saco dele)

Sobre os outros:
"Tem coisa melhor do que falar mal de amigo"
"Quem, o Paulinho, aquele piroquinha de jabuti?"
"Nada melhor do que rir da desgraça alheia"
"Detesto fazer favor"
"O que você nao me pede rindo que eu nao faço chorando"
"Sou crioulo então posso falar mal de crioulo"
"Medicos, advogados, Tijucanos e fumantes, oh povinho brega e careta"
"Todo gordo é legal, tem que ser né..."
"Nao basta ser gente boa, de gente boa o inferno tá cheio"

•Quando em uma fila de super-mercado, Ed Bonitao não hesita em dar um arroto matador e acusar o filho que estiver mais próximo;
•Ed é sempre o primeiro a soltar pum no elevador;
•Ed manda na lata de qualquer amiga minha que ele acabou de conhecer, que ela precisa da dieta do arroz integral urgente, uma vez que quando ele apertou inocentemente a bunda dela (?) o resultado não foi tão firme quanto ele esperava.
•Ed aliás, adora apavorar amiguinhos meus, se faz de caretérrimo quando esbarra comigo fumando um baseadinho no quarto com os amigos da faculdade e deixa geral sem saber o que fazer.
•Ed atende ligação de namorado meu e diz que um "rapaz," ou o "Paulo Antônio" (???), já passou para me buscar, isso quando ele nao volta e imita minha voz, todo sedutor
•Ed inclusive não hesita em pegar a extensão e dar uma zoadinha, no caso eu esteja meio alterada numa ligação com namorado
•Ed adora falar mal de mim para o meu irmão e do meu irmão para mim.
•Ed tem sempre mais de uma namorada, e qualquer artefato nao identificado encontrado por uma delas em casa (de brincos a calcinhas) são e serão sempre da Chica, por mais que eu já nao more lá há anos.
•Ed vende a imagem de anti-carne vermelha/pizza/refrigerante, mas nao posso entrar à fundo nesse específico assunto ou corro sério risco de perder anos de contato com meu prezado pai
•Ed me chama de Roberto Carlos por causa das minhas pernas.
•Ed acorda insuportavelmente bem humorado por volta das cinco da manhã e fará de tudo para acordar quem estiver por perto
•Ed nunca dividiu, e ressaltando, jamais dividirá comida igualmente, nem com os filhos nem com ninguém.
•Ed esconde os queijos e castanhas quando eu estou em casa.
•Ed diz que seu maior sonho sempre foi ter piolho, uma vez que seu maior prazer é receber qualquer forma de contato físico
•Ed diz também que sonha em implantar pentelho na careca (oops, careca não que ele está longe disso) por que nunca ouviu falar em uma pessoa careca na zona púbica.
•Ed reconhece o cantar de uma variedade de pássaros e sem dúvida escolhe frutas como ninguém.
•Ed nos botava para dormir contando lendas indígenas. Tendo índio Bruno e índia Chica sempre como personagens principais, e índio Edilson salvando a mocinha com bum-bums fétidos o bastante para matar qualquer jacaré.

Ed sem dúvida é uma figura única, personagem singular dessa mistura de Amazônia com Rio de janeiro, o qual eu não poderia ter mais orgulho de ser meu pai. Ed é o culpado maior pela minha crueldade branca e a filhotinha de cobra que sou, mas é também responsável por grande parte da minha garra e minha atitude pé-no-chão. Ed acima de qualquer coisa me ensinou sensatez e faz de tudo para me ensinar serenidade. Ed junto à Dona Beth, me passou esse senso crítico e a gana por cultura, leitura e aprendizagem em geral. Ed infestou minha vida de bom humor e me mostrou que nao há nada melhor do que uma cantoria alta pela manhã ("Chiquinha, eu fiz tuuuuuuudo para você gostar de mim...). Ed me ensinou afeto, abraço, massagem no pé e sempre exigiu todo o cafuné que tem direito. Ed lidou com minhas loucuras, sempre me dando toques e esporros pertinentes, porém mais do que tudo, me deu e dá todo suporte nas minhas decisões e também nos perrengues que de quando em vez a vida me proporciona.

Ed é meu pai amado, Edilson Rodrigues Martins, e haja papel para expressar a saudade que sinto de você.

Monday, January 16, 2006

"The nail that sticks out gets hammered in"



Da serie "Nao me Arrisco Nem que a Vaca Tussa":

Antes me manter para sempre no mesmo lugar,
Mesmo que esse lugar nao seja lugar nenhum,
Do que tentar e ter o fracasso como risco

Antes nao me envolver
Do que me permitir me apaixonar
E correr o risco de sofrer

Antes nao falar nada
Do que falar
E correr o risco de nao ser ouvido
Ou pior,
Correr o risco terrivel de ser questionado

Antes nao querer nada
Do que querer
E correr o risco de jamais conseguir

Antes nao sentir nada
Do que correr o risco de ser feliz


"Sou acomodado sim e com muito orgulho"



Uma nova geracao de adolescentes asiaticos, chega a ficar ateh 15 anos trancados no quarto...
(clica no titulo desse blog se quiser ver o artigo genial do NY Times)

Logo apos ter escrito um artigo sobre amizade, solidao, mas principalmente adaptacao, dei de cara com esse artigo do Times. Fiquei pensando sobre o ditado japones "The nail that sticks out gets hammered in" e o quanto feliz eu estou com a minha sanidade mental e todos os riscos que vivo tomando. Quem sou eu para falar de solidao!


"NAO VOU ME ADAPTAR!"
(to puro Titans hoje)

De Gente Boa o Inferno Tah Cheio

Eu olhando nos olhos da amizade, oh primatinha para ser dificil...


Primeiro foi Dianinha Caçadora, 6 dias grudadas no Havai, paraiso perfeito para uma viagem que quase nao acontecia, e de repente lá eramos duas, sentadas nas areias de Pipeline, amigas como sempre, íntimas como se 3 anos nem houvessem passado, fumando nosso baseadinho e contando estórias que nem boi durmiria se ouvisse.

Quatro dias depois, Manu pula de trás da cortina e lá vem ela, cabelos longos, toda morena, toda linda, toda Manu. Naquele abração primeiro, depois de tantos anos sem se ver ao vivo, guardada ela como imagem sólida no pensamento e muita voz no telefone, letrinhas no MSN, Manu me abraça e uma estranha sensação de casa, de pátria me assola. Jogada alí em nosso abraço apertado, reconheço o cheiro de Manu como reconheço a textura das palmas de minha mãe.

Dois encontros que, nem se eu rezasse, eu teria fé o bastante para pedir. Mas Deus, que de quando em vez ouve até as preces mais silenciosas, me mandou minhas amigas de presente de natal, mandou nelas as sete ondinhas dos desejos de ano novo e hoje me bateu que eu tenho que sair do trabalho e botar umas flores no mar para agradecer toda essa simpatia.

Ultimamente os desencontros vem fazendo mais parte da minha vida do que a tal da arte do encontro, e já cansada as vezes padeço calada com minha solidão norte-americana. Hoje, ainda transbordando com os pequenos encontros a mim proporcionados nesse início de ano, flutuo nessa alegria e também na memória da vida no Brasil, memória das amizades sólidas que lá deixei e dos encontros furtivos do dia a dia, que hoje ganham mais valor do que nunca. Sento aqui com meu machismo, besta com a estupidez da achologia de que só homem não dá valor ao que tem...papinho furado que só, sou eu mulher e hoje, vivendo tão longe, aprendi a verdadeiramente valorizar minha família e ainda mais meus amigos.

Tenho vida atual, tenho um namorado realmente maravilhoso, tenho nossa casita linda, tenho emprego que paga as contas e um estilo de vida que nao posso reclamar, mas com meus três melhores amigos nessa America contados nos dedos, e cativados com todo o carinho e zelo que amizade merece, vivo a me perguntar onde mora o círculo das grandes amizades.

Conheci tantas pessoas desde que cheguei e diferentes grupos que faço parte, criei amizades íntimas, algumas não tão sinceras que morreram como brotaram, outras que perduram belas; criei tantos "amiguitos", daqueles de ir para festa/praia/jantares; criei confidentes e queridos, mas a verdade é que nao conheci mais do que três pessoas que quero levar para vida, há sempre uma escassez de afinidade profunda com as pessoas que conheci.

Não basta ser gente boa para ser amigo, meu pai sabiamente diz que "de gente boa o inferno tá cheio". Para ser irmão tem que ser mais que bom coração, tem que haver uma afinidade de interesses, um ponto de encontro nos estilos e humor por mais diferentes que cada um seja, e mais do que tudo, nao há para mim intensa amizade sem profunda admiração pelo outro. Acho que desde que cheguei aqui, nao conheci mais do que as tais três pessoas que admiro.

No início me enchi de conhecidos e com o tempo, a cada dia me tornei mais seletiva. Não preciso de amizade raza fantasiada de melhor amiga, só para tapar buraco. Meu namo vive dizendo que eu devia dar mais oportunidade para as pessoas que conheco...ele ainda nao me entendeu, nao entendeu do que sou feita, nao entendeu que nao quero amizade Hollywood, nem espero tirar leite de pedra. A gente sempre sabe quem é colega e quem tem aquele algo mais que combina com nosso jeito particular de encarar esse mundo. Não trago para casa mas amiguinhos, tenho as ruas para encontrá-los, nao me confidencio com colegas, e nao considero amigo para vida se não tiver liberdade e afinidade para trocar reflexão, pensamento, questão e não só fofoca divertida. Foi mal, mas sem cultura, sem reflexão, sem interesse por algo mais que o dia a dia, nao tem graça que desperte em mim amizade.

Tô procurando nos lugares errados.

Frio Fudido

Céu estrelado, lua cheia...
Oh paradoxo com esse vento gelado

Noites frias fazem de mim
Saudosa que só do meu tempo de Brasil

Friday, January 13, 2006

Thursday, January 12, 2006

NY Times Article about courtship!

After Googling and Bikramming to get ready for a first dinner date, a modern girl will end the evening with the Offering, an insincere bid to help pay the check. "They make like they are heading into their bag after a meal, but it is a dodge," Marc Santora, a 30-year-old Metro reporter for The Times, says. "They know you will stop them before a credit card can be drawn. If you don't, they hold it against you."
...

When I asked a young man at my gym how he and his lawyer girlfriend were going to divide the costs on a California vacation, he looked askance. "She never offers," he replied. "And I like paying for her." It is, as one guy said, "one of the few remaining ways we can demonstrate our manhood."
One of my girlfriends, a TV producer in New York, told me much the same thing: "If you offer, and they accept, then it's over."

Welcome to Unites States!!! Achei genial, tive q botar aqui!

Trechos do artigo "What's a Modern Girl to Do" escrito por Maureen Dowd e publicado no NY Times: October 30, 2005
O artigo inteiro pode ser encontrado no link abaixo:

http://www.nytimes.com/2005/10/30/magazine/30feminism.html?pagewanted=1&ei=5087&en=4c0bd9b9392f83a7&ex=1152421200&nl=ep&emc=ep

O Tal do Ciume...

Sempre gostei de uma torturinha, normalmente mais ativamente, porém as vezes dou uma desviada para a passividade. Ultimamente criei o péssimo hábito de futucar casa de marimbondo. Curiosa sempre fui, sempre quis procurar caixinhas antigas com as cartinhas de ex-namoradas, sempre imaginei entrar de gaiata no e-mail do namorado e ver tudo que tá rolando, sempre quis olhar as ultimas chamadas no telefone, mas a parte boa é que nunca olhei, quer dizer quase nunca né, mas nunca foi uma missão, sempre foi um desaviso da ocasião que me largou ali frente a frente com o terreno inimigo, e por ironia do destino, sozinha. Mesmo assim fiz boas escolhas, e na grande maioria das vezes, nao fui em frente, deixei o celular/e-mail/carteira quietinhos lá na deles.

Porém há duas semanas atrás tive um pequeno surto.

Começou numa noite em casa, sentada no sofá com meu “namorido”, em que lembrei de checar meu e-mail. Entrei no escritório desavisada e o e-mail do namo estava lá, arreganhado, todo sedutor querendo ser lido. Inicialmente nem pensei, botei o mouse no Xzinho vermelho e já estava à beira de fechar a página quando de relance notei um nome indesejado. Imediatamente senti um frio na barriga, fiquei ali parada com o tal do nome me encarando, todo desafiador, eu ainda batalhei, tentei dar uma de "tá olhando o que?" e virar as costas mas ele veio por trás e me cutucou. Ainda fiquei naquela "encaro ou nao encaro", meio que revivendo aquela sensação de estar para ser assaltada e nao saber se corro ou me faço de valente. Enfim, a curiosidade matou o gato, resolvi encarar e sai entrando, abri o e-mail sem pena já pronta para montar o “arm-lock", suando e a cada frase ficando mais confusa e tensa. O e-mail era curto, era da ex-namorada que o deixou para trás e agora com ciuminho da namorada nova (eu), tentava de alguma forma ser querida de novo, bom, na verdade essa foi minha interpretação.

Interpretção eh a raiz do ciúme, tudo depende da perspectiva escolhida. A maioria das mulheres que conheço tem uma imaginação pra lá de fértil, basta uns dois atrasos seguidos e algumas ligações “suspeitas” lá vão elas à criar fábulas de um caso secreto, dali tudo vira pista, qualquer atividade nao explicada se torna mais uma peça do quebra-cabeça, até que em algum momento a realidade vem à tona, e na maioria das vezes elas estão completamente erradas. Junto com a “quebrada de cara” vem uma vergonhinha da própria loucura.

A verdade é que o tal do e-mail nao dizia quase nada, num dia de sol poderia querer dizer nada mais do que um vínculo natural entre duas pessoas que um dia se gostaram, porém num dia de chuva poderia querer dizer que eles vinham se comunicando com planos secretos de talvez se verem, poderia dizer que eles mantinham contato amigável numa tentativa inconsciente (ou ateh consciente) de reencontro, e num dia de tempestade, poderia querer dizer até, que não só eles já vinham se vendo, como desenvolveram um código secreto de comunicação, no caso um dia eu virasse a neurótica que obviamente naquele momento me tornei.

O tal do e-mail veio de surpresa, a verdade é que eu estava no melhor da relação, morando junto lindamente, mas do que nunca segura e feliz. O e-mail foi minha auto-armadilha.

Fiquei quieta por um tempo, revoltada em não saber que eles vinham se falando; fiquei obcecada, neurótica, quis chorar; fiquei traída, insegura, triste pela cumplicidade dos dois; fiquei mais suada ainda e quis perguntar, brigar, terminar; quis futricar tudo, ver todos os e-mails dos ultimos 5 meses, quis procurar a tal da caixinhas de cartas antigas, quis invadir geral: telefone/carteira/gavetas/cabeca, quis saber tudo e quis tanto que me assustei com a minha própria neurose.

Quieta com minha mente pensei nos meus e-mails, na minha caixinha, no meu celular, e quanto mais pensava mas sem graça ficava. Pensei na motivação por trás dos tais e-mails, ligações, e até olhares, pensei na epífane que tive em torno dos meus 20 anos quando depois de um namorado neurótico entendi que não há como controlar vontade alheia. Pensei em tudo que naquele momento esqueci e violei.

Do ponto de vista monogâmico que escolhi para meus relacionamentos, sei a essa altura do campeonato, e sabemos todos (?), que ciúme saudável é natural, há sempre uma sensação de posse quando há um "contrato" de exclusividade e até os mais “não tô nem ai” tem momentos inseguros. Descobri há muito tempo que a minha insegurança nao determina as escolhas de namorado nenhum, e que controle só serve para desgastar. Mas mais que tudo isso, sei que o ser humano é parte flerte e puro flerte, que vontade “dá e passa”, que é natural (e espero que sempre seja) uma certa puladinha de muro inocente (pessoalmente, nao tô falando de sexo, beijo…), é saudavel desejar outros mesmo quando já temos um, é natural brincar de trocar e-mails “inocentes” sem plano nenhum de encontro, é natural esse testar do amor, essa brincadeira com o próprio gostar.

Sentada sozinha no escritório, num momento pós surto neurótico, surgiu em mim um amor adulto, pacífico, acolhedor, surgiu uma calma e uma profunda auto segurança. Após meus talvez nem 15 minutos de intenso sufoco, voltei para sala com uma cara engracada, de quem comeu e não contou, abracei o Chris com mais braço, mais abraço e deitada em seu colo esqueci do tal do ciúme.

Eu costumava escrever bem...

Eu costumava escrever bem, agora vivo confusa num kung fu interno com essa lingua estrangeira que vivo. Sonho em ingles, falo mais em ingles que portugues, trabalho em ingles, mas ainda sinto em portugues...haja coordenacao mental para escolher as palavras certas na hora de expressar pensamentos exatos num papel em branco.

Sei que minha escrita empobreceu, antes meu particular processo criativo de montar a primeira frase na cabeca e dai praticamente cuspir um texto sem ao menos precisar respirar, agora tropeca em pedrinhas de palavras "portuinglesas" que formam sem aviso. Esqueci palavras, vivo confundindo qual artigo a ser usado, mudo o final de tantos sujeitos, nossa, vou te contar, minha cabeca virou o samba do crioulo doido.

Venho tendo que pegar freeways no pensamento na tentativa de resumir aquela uminha palavra que tah lah no fundo da mente, mas que sacana que soh, resolveu nao vir a margem (tah vendo, tava procurando "emergir" e agora relendo o texto veio...).

Tantas vezes escrevo a tal da primeira frase em portugues, a partir dai assegurada do conteudo, mas chegando lah pela terceira frase comeco a engasgar no mal-vindo ingles, penso em palavras que nao sei traduzir, penso em expressoes que perdem o sentido se nao na lingua patria, escrevo verbo antes de sujeito e acabo por resolver recomecar tudo de novo em ingles ou simplesmente desisto por que me frustro com a minha pobre escrita.

Sei que preciso achar mais tempo para ler mais, pelo menos dois livros ao mesmo tempo, um em cada lingua, mais as vezes "procrastino", as vezes mergulho em um livro que exije exclusividade.

O pior ainda estah por vir, tenho pelo menos ainda mais duas linguas para aprender...

Wednesday, January 04, 2006

A Procura...

Nao quero ler poesia vazia nem palavras complicadas, nao quero decifrar charadas razas e textos construidos com mais sofitiscacao e menos sentido. Nao quero provas de que sabes escrever, nem de seu vasto vocabulario que mal sabes empregar. Nao quero artigos diarios que imediatamente esqueco jah ter lido, nao quero letrinhas e mais letrinhas exaurindo minha vista jah pra lah de cansada.

Continuo eu a procurar. Tantos nomes e links e referencias me levaram a retalhinhos do que anseio. Tantos sites, bibliotecas, livros, amigos, tantas diferentes fontes de pesquisa que revirei e no final me deixaram aqui calada, com um resquicio de boa leitura adocicando minha boca de leitora orfa.

A mim sobra sempre uma certa frustracao motivada pelo saber de que tantos textos flutuam nesse mundo de codigos, linguas, bibliotecas, que tantos autores com seus artigos e colunas, navegam incognitos para mim, e quanto mais os descubro, mais escritores brotam em meu solo.

Sempre que termino uma boa leitura nasce uma angustia imediata, uma necessidade ansiosa e ateh um pouco neurotica de encontrar aquele texto exato que sacia a sede, meio que uma frustracao saudavel que involuntariamente me inspira a construir sequencias de palavras cheias do meu sentido e me motiva a achar novas fontes. Nao adianta empilhar livros, nem premeditar o proximo a ser lido, nao para mim, a cada texto findado nasce em mim um novo desejo, e o antes planejado perde o sentido.

E da serie “males que vem para o bem”: O fato e que a procura ha de ser infinita e incessante, hei de nao me dar por saciada e querer sempre mais e mais retalhos de pensamentos alheios, hei de nao esgotar jamais essa fome de palavras.