Wednesday, February 15, 2017

Pneu Furado

Despertei de sonho em Espanhol com o idioma ainda enrolando a língua. Sonhei com o mar, com povoado de terra batida e pé descalço. Acordei com um pneu da bike furado e o peito cheio de anseio de oceano. Não pedalei, não tive tempo, mas corri sem chinelo para praia e assisti o sol beijando o mar. Quebrei o tempo ao meio e deixei os pés ali molhando em água gelada. Chegaram as correntes frias mas o verde-azul continua tão transparente que seduz até frescura. Não mergulhei, estava sem bikini, sentei na areia grossa e meditei com os pássaros. Um homem cavava buracos na beira com uma lâmina de metal, parecia buscar algum segredo com uma exatidão de localização, cavava, cavava e o mar vinha e cobria seus furos, o assisti um quilômetro costa à fora cavando buracos inexplicáveis a cada dez metros, memórias de tatuí, será? Uma menina foi nadar e eu fui junto no olhar, olhava suas braçadas de longe e sentia as pausas da minha respiração. Fiquei ali sendo tantas ainda parada no mesmo lugar. Nem sempre a gente precisa ser para estar.