Sunday, October 16, 2016

O Esquilo Maligno

A guerra continua, a guerra de um homem só. Na verdade de um esquilo solitário com um quê de psicopatia. Anteontem foi de uma coincidência tão absurda que beirou a ficção (ou a paranoia), quando vi reais traços perversos em um tão singelo roedor. Andando pelo bosque da casa com uma amiga, contava sobre a aparente hostilidade do pequeno animal silvestre e o último incidente do xixi aéreo e arremessos de amêndoa, foi quando começamos a ouvir a movimentação cabeça acima, olhamos para a copa das árvores já estupefatas com o suposto “stalkeamento” e rimos da própria paranoia quando vimos um pássaro preto brincando nos galhos, gargalhamos felizes, bocas escancaradas, abertas ao léu e veio então, como uma punição divina, o maldito jato grosso de mijo em céu azul perfeitamente mirado sobre as nossas cabeças – fechamos as bocas a tempo. Em choque, avistamos o demônio lá no alto já preparando seu segundo recurso de batalha, amêndoas, uma pequena mordida, assinatura do psicopata, e logo um tiro certeiro sobre a gente. Na terceira voltamos às pressas para a varanda coberta, indignadas com tal ousadia. Durante o dia o assunto voltava, ainda em choque com tal desarmonia de convívio. Dormi às oito e acordei às cinco com estampidos vindo de fora, soava como pedras jogadas no telhado da varanda do meu quarto, um estampido pesado e seco na telha de metal. Levantei receosa e abri uma pequena fresta da janela só para me deparar com uma amêndoa mordida rolando telha abaixo. Chucky descobriu onde eu durmo?