Monday, October 24, 2016

Desbravadores

Achei que ia ficar mais sozinha mas tá difícil não fazer amigos novos todo dia e mais ainda alimentar as amizades já feitas. Em cidade pequena todos os caminhos levam à encontros, uma passeada de bicicleta, uma ida ao mercado, um almoço por aí, uma tarde no mar, sempre acaba por virar esbarro que vira plano que vira tempo simples junto. Aqui nos encontramos para contemplar e conversar sem muito fru-fru. Imersos na simplicidade de tanto verde e azul, as horas passam assim, em meio ao barulho do mar, histórias contadas, muita risada e quase nenhuma grana gasta. A casa também não ajuda, é meu ponto de encontro comigo mas também com os outros, estacionada maravilhosamente no pico do pico, gera um tráfego constante de passagens para papear e deixar o tempo passar - a varanda tem sol ameno e brisa fresca, a cocina convida quem ama cozinhar, a casa toda tem uma energia solar, e tem as redes também, a churrasqueira, o bosque e seu passarinhos, as árvores dançando com o vento, as iguanas e agora Jasper e Million, dois cachorros com donos viajando, que mais adotaram a casa do que a mim - agora tenho cães de guarda, apesar de um ser um chihuahua. Ganhei o costume de ter sempre a ducha ao ar livre, uma toalha e um café para os amigos que vem direto do mar, tudo o que mais me conforta quando eu venho de lá. Aliás, sou puro conforto ultimamente, me conforto muito e a quem encontro tento também. 
E na medida que as amizades se aprofundam, todas histórias tem um ponto em comum, como um triângulo das Bermudas de viajantes de todos os cantos que querem se jogar em mais mundos do que os mundos do que já tinham antes e cada um busca com gana seu próprio formato. Terra de desbravadores. Queria querer ficar mais sozinha, mas tá sendo tudo tão bom que resolvi parar de querer e deixar ser. Mesmo porque seria um desperdício desencontrar.