Monday, August 27, 2018

Desafeto

O beijo era macio algodão mas tinha muito não 
A transa era loca mas poca
Abraço quase ia mas parava antes do aperto
Dava a mão sem fazer muita questão
Concha, meu artigo favorito, tinha rarefeito

E segredo doce contado em sussurro 
Olho no olho tão perto até virar três, quatro
Noite varada em transa longa e música lenta  
Aquela história de se olhar lá no fundo e falar como é bom, lindo e maravilhoso viver esse amor
Tinha isso não

Aliás de meu amor nunca me chamou 
Nem de linda tinha o hábito 
Dançava agarrado só se bêbado
E o sorriso ao me ver, via não 

No fim já não perguntava mais como foi meu dia
Não dava presente de aniversário que o diga rosa de namorados 
Nem me olhava daquele jeito assim com detalhe 
Pulava da cama com pressa mesmo em domingo e evitava conversa
Corria do contato, do desejo, do afeto que fosse

E dizia sentir um grande amor 
Eu confiava
Mas onde ficava o amor, guardado aonde, para quando? 

Procurei em tudo que é canto 
Tentei de tudo
Esperei mais do que podia
Chegou não 
Liberei meu coração