Monday, October 15, 2012

Batata

Uma batata da perna diz muito sobre um homem. Seja de joelho de fora, ou debaixo de pano fino, grosso,  bermudão, uma batata da perna revela toda uma leitura de personagem, como se aquele vestígio de estrutura sozinho expusesse a virilidade do corpo que sustenta – virilidade e fragilidade se arregaçam em uma batata da perna. Se olhadas com cuidado, com atenção de curioso, pode-se fechar os olhos e adivinhar a firmeza do corpo acima. Uma batata da perna revela a força potencial da possível pegada, desde o aperto de mão a uma agarrada, desde a leveza de um carinho ao peso de uma porrada, uma batata da perna tem tendência a incitar o imaginário de um feminino mais atento aos detalhes, detalhes como os dedos da mão, como a mão toda,  sozinha, de tamanho à espessura, textura, formato de cada unha, antebraço, aliás são poucas as mulheres que não gostam de antebraço, abraço e tantas outras rimas óbvias. Pegada também não esconde segredo, uma agarrada de leve, um aperto à la massage, um carinho de supetão revelam mais do o que dissimula. O que existe por trás de um carinho espontâneo e incontrolável? De carinho que escapa do pensamento e se materializa na pele do outro, como um soluço irreprimível, afeto espontâneo e imparável? O que se descobre em um pé, no formato do que liga um homem à terra, que abrange em superfície, se estatela e sustenta todo um edifício de um masculino, cada pé uma batata, um edifício, uma identidade.