Fugi para não cometer os mesmos erros
Fui embora sem saber
Nao fiz malas, não me despedi da família
Não olhei para trás desavidada de que não voltava mais
Fiz o melhor para mim sem intenção
Foram anos e anos de força de hábitos
De vida automatizada seguindo caminho que se escreve sozinho
Anos de planos de infância se concretizando
e de manias antigas fincando na pele
Anos de amores insólitos, amizades para vida e realidade dourada
Vida de certezas e segurança
Toalha de seda com franja de algodão
Deixei tudo para trás
Sai sorrateira, quietinha
Vazia de sonhos
Disse tchau sem saber que era Adeus
Até hoje não sei explicar direito como a decisão de não voltar se concretizou
Não sei se foi amor cego
Intenso que quase tortura
Ou sabedoria intrínsica que não se explica quando chega
Não sei como vim parar aqui
Sozinha
Sou tão diferente
Todo dia me aprendendo
Descobrindo esse Eu novo que floresceu
Sou resquício de deslumbre e retrato de garra
Vida aqui é de guerra
Salva-se quem puder
Toalha de algodão com franjinha de seda
Mas mudei para melhor
Olho para trás e acho que a essa altura do compeonato eu estaria cercada de armadilhas que montei pelos anos sem perceber
Vinda do berço de ouro que eu sinto que eu tive
Vivendo a vida em torno de romances
Acomodada com a certeza das minhas possibilidades
Euzona, lá sentada no trono que construi para mim
Hoje vivo em terra da provação
Todo dia é desafio, é sufoco
Correria e insegurança
Mundo estrangeiro
E nesse exato momentp, mais do que nunca estranho
Mas foi minha escolha, e é.
Virou
Agora tomo conta de mim
Construo futuro com suor e lágrima
Choro de saudade
Mas gargalho com a perspectiva de futuro em andamento
Hoje foi um dia difícil
e aqui tô eu
Fragilizada com a minha solidão
E com a batalha diária para provar à que vim
Dia em que quase esqueço
Que na maioria dos outros eu sempre encontro jeito de cantarolar
Dia nublado, assombrado
Quando fico triste assim me convenço de que vale a pena
Reforço cada conquista em minha cabecinha de beija-flor
E prometo para mim que vai ficar tudo bem.
Vai, não vai?
