Sunday, November 12, 2023

Era Para Ser Um Soneto

Vou te escrever um soneto, talvez uma história de amor. É que o diabo se esconde no detalhe, naquele fim de palavra que saiu mais rouca da sua boca ali pela cozinha e eu tendo que disfarçar a torrente quente que faz nascente rachar. Mora também no riso de canto de boca, no olho no olho, ponta de língua, na nuvem de perfume e talco que fica no meu corpo quando entrelaça com o seu. Se teu peso me esmaga, eu derreto, me espalho, sustento tudo sem precisar de nada. É que você cabe bem em mim, vai encaixando nos cantos feito lava quente, inteiro, vasto, imenso. E eu que sempre tô no volante, sento no carona e te deixo me levar (e é difícil não ter a rédea, não quero a rédea, toma a rédea e me leva contigo à galope). A gente pega a estrada, desce pro parquinho e almoça com as estrelas.