Thursday, July 27, 2023

Bola de Gude

No meio do disco um arranhão, um descompasso sutil, uma bola de gude perdida nas frestas de um chão antes de cimento liso em construção. Uma mera bolinha de gude que ecoa sua queda em um som mais alto do que seu tamanho, imprimindo sua ínfima linha por onde rola. Ela é palpável. Basta botá-la na palma da mão e guardar no bolso para virar memória, memento, token dos pequenos arranhões. Vi a bolinha numa frase tua, “Aquele tipo de encantamento que não sinto há anos, nem sei se ainda posso sentir de novo.” Foi como se tudo nosso até ali tivesse sido trivial, sem impacto maior do que a tal bolinha de gude rolando pelo chão. Para mim sempre houve encanto, além de toda diversão. E o tempo merece tempo para ajustar seu malabarismo com as bolas grandes e pequenas do caminho. Ainda ouço os sons do encontro. A música continua tocando.