Saturday, December 22, 2012

Verão no Rio

Rio no verão e pernas para que te quero. Cidade que mela cuecas e rasga calcinhas, suor que escorrega do colo e pinga dentre as pernas do Horto, se joga no mar de Ipanema, desemboca nesse Rio de Dezembro, Janeiro, Fevereiro arrastado em velocidade de desejo que pulsa, morde, se joga da Pedra da Gávea e mergulha no Arpoador, antes emboscada de baleias, hoje porto de garotos de Ipanema, Copacabana, Leme ao Pontal com suas musas do verão e modismos sazonais. Rio à 40˚, 50˚, 100 graus, Rio num grau, num grão de areia que se esconde em todos os cantos, curvas e latifúndios mais fundos de cada qual. SorRio e danço no ritmo da Lapa, ao som do Circo, dos pastéis do Nova Capela, trilhos me guiando até o Mineiro, tarde que vira noite regada a cachaça de gengibre e carne seca. E assim sambando nesse carnaval de encontros e desencontros inconstantes, debaixo de chuva, suor, champanhe, whisky – e haja cerveja, os dias vão passando à contragosto, querendo sentir mais gosto, megalomania na intensidade do querer. No verão o Rio pede mais, quer mais pôr do sol, mais sexo e madrugadas varadas, gente desvairada, bocas, paus, bucetas ambulantes, desgarradas do pudor frio do inverno que aqui mal chega e já vira outono. Eu prefiro é primavera/verão nesse Rio desejante e desejado, cor do pecado, “pecado” palavra por si só piegas, porque no verão o brega fica mais brega, as paixões mais cegas e nem tentei rimar, saiu assim mesmo, porque o brega sempre rima. Rio que vive dourado, chuvas tropicais acidentais, recorrentes quase que diariamente, em Curicica a terra é mais quente, enquanto na barra o vento sopra à la Miami, bundas monumentais e peitos mirabolantes desfilam com questões menores e carros maiores, South Beach é ali. Eu prefiro mesmo é o ar do Leblon, o horizonte da janela da casa antiga em Santa Teresa, as pedras portuguesas do calçadão, a ladeira de asfalto do Vidigal para mim são muito mais astral. Mas a verdade é que o Rio é rio de calor que invade o peito e des-cobre vontade de sair mais, de amar, de viver mais, de acordar e aproveitar segredos sussurrados de bocas quentes e amassos roubados em tardes ensolaradas e a lua sensualizando lá de cima, já toda cheia, toda se querendo pro céu azul. Rio para que te quero, eu te quero, cada dia mais que antes, não te esqueci nem um instante mesmo quando mais longe meus pés estavam mas meu peito ficou aqui, morada do sol que me habita, é por aqui mesmo que eu fico, de resto só viajem temporária e vontades passageiras. Rio minha casa é aqui.