Thursday, November 30, 2017
Um Corpo
Quanto Cabe em Teu Peito
Noturna
Sobre os Prazeres
Monday, October 23, 2017
A Estrela, a Nuvem, e o Raio Roxo
Friday, August 18, 2017
Impressões Matinais
Wet Suit
Tuesday, April 11, 2017
Diabo
Saturday, April 01, 2017
Sobre Grandes Amizades e Despedidas
Sunday, March 19, 2017
Ressaca
Acordei cansada depois de uma noite de insônia, na dúvida se me jogava no mar. O verão termina amanhã mas o inverno já chegou - dormi pela primeira vez sem ar condicionado e despertei para uma manhã cinza e chuvosa. A insônia deve ter sido o prenúncio do tamanho das ondas que me esperavam. Desci para encontrar o pneu da bicicleta furado e sai descalça mesmo pela rua, andando contrariada até a praia. Odeio andar, não tem movimento humano que me dê mais preguiça, acho chato, me põe para correr, nadar, pular, voar, saltar, pedalar, dormir, qualquer coisa menos andar, pedalo mesmo que seja menos de um bloco. Mas lá fui eu com meu pé-de-pato e handplane em mãos, já ouvindo piadinha dos meninos do Big Polis, Edilson debochado como de costume (deve ser karma do nome) me gritou de longe, “que isso aí, hein, dona Chica, standup de boneca?” enquanto os coleguinhas caiam na gargalhada, dei um tchauzinho sacana com um sorriso enrustido e lembrei da minha bicicleta que não dá tempo para essas intimidades. À meia quadra do mar já ouvia o barulho das ondas, elas soavam como prédios implodindo e uma brisa fria com garoa arrepiou toda minha espinha em câmera lenta. Andei pela orla e fui parada mais duas vezes para explicar a tal da pranchinha de mão de madeira, interagi com sorrisos enquanto alimentava em silêncio o saudosismo nostálgico da minha tão querida amiga silenciosa, bicicleta. De longe avistei as ondas do pontão do Leblon, fui andando e contando as tantas cabecinhas dentro d’água, quatorze surfistas, cinco bodysurfers e um fotógrafo. Já na areia me surpreendi com a força e tamanho de algumas séries, o mar estava grande, selvagem, o dia frio, minha cara amassada, minha noite mal dormida e nenhum conhecido para me entusias-mar. Pensei, repensei e me falei o que sempre falo quando o mar me assusta, “não precisa pegar onda, só de estar lá no fundo com o mar assim já tá valendo o desafio.” Me aqueci, pedi licença e fui. Tenho a política da boa vizinhança quando entro na água, sou só sorrisos e distribuo bom dia para quem me olha, mas os rostos pareciam aflitos e meio confusos com a minha chegada. Um bodysurfer chegou mais perto e perguntou se eu era do Rio, que por aqui só tinha mais uma ou duas meninas que ele tinha visto pegando onda de peito em mar assim. Um outro bodysurfer voltou assustado de um caldo, “caracaa, voei uns dois metros no ar só para ser mastigado depois, o mar tá sinistro!” Eu esperava ainda o momento certo. O outro apontou para a galera nas pedras, na areia e no mirante do Leblon assistindo, “com esses paredões dá até plateia.” Lembrei que não estava sozinha, que eles também sentem medo, que faz parte, e mais do que tudo me assegurei no quanto me sinto confortável a me adaptar às surpresas do mar, me preparei para isso. Fui fazendo amigos. Depois que peguei a primeira bomba os meninos começaram a gritar para eu ter prioridade nas outras em que eu estava melhor posicionada e comemoravam quando eu voltava de uma boa, nessa brincadeira peguei cinco ondas lindas em uma hora de mar. Me chamaram para surfar com eles na laje de Ipanema, contaram do whatsapp de bodysurf, mas acabei saindo da água morrendo de frio e com o estômago resmungando de fome. Encontrei um dos surfistas com a prancha quebrada na areia, inconsolável.
Cheguei em casa e recebi essas fotos, a cara não tá das melhores mas acho que condiz com o que eu vinha falando aqui. Mas sobretudo fico muito agradecida pelo momento compartilhado com novos amigos e feliz por ter coragem de alçar meus voos com consciência e disposição para conquistar meus espaços.
Thursday, March 16, 2017
Calçadão
Monday, March 13, 2017
Fila de Banco
Thursday, March 09, 2017
Sobre as Tristezas
Tuesday, February 28, 2017
Minha Carne É de Carnaval
O Rio cheirava mal. Pedalei as duas quadras até a praia atravessando um túnel de brisa estagnada. Um vento morno reluzia no contraluz a fina camada ressecada de suor e mijo no asfalto, pele árida de uma cidade em rebordosa. O dia raiava. Enquanto eu despertava minhas pernas a cidade ainda estava acordada desde sexta-feira e hoje já é terça. A praia, refúgio de zumbis, se tornara acampamento de mil ambulantes e bêbados já não tão engraçados. Não sobrou glamour, talvez um vestígio nas penas roxas de um cocar grande demais para cabeça do mendigo mal dormido. Uma senhora gorda sentada no chão do calçadão gritava nervosa no telefone que já tinha mostrado tudo que tinha no uatszap, o que mais ele queria? Duas meninas bonitas desfilavam sem pressa seus peitos pintados e maquiagens borradas. Um turista ensopado abraçava uma traveca com meio mamilo exposto e um fio dental que não deixava dúvida nem para os mais desavisados. Eu pedalava invisível dentre bandos de pivetes estranhamente conformados e foliões vencidos pelo cansaço e álcool. O Rio cheirava mal como as penas de um urubu velho, faminto e exausto. Eu olhava para cidade suja e queria lavar seu rosto, enxugar suas lágrimas e limpar o resto de vômito seco que sucumbiu a mais mil goles de álcool fermentado. Ainda assim gaivotas distraídas voavam rente ao mar hoje tão escuro quanto os buracos cavados na areia pelos cracudos de Copacabana. Eles pareciam felizes, os cracudos, curtiam a onda debaixo de coqueiros secos e areia quente, tinham banheiro, motel, cozinha, tudo à céu aberto, faziam ali uma zorra total daquele bairro antes burguês agora cheirando a rebordosa e lixo. Um bebê nu batia no vira-lata preto amarrado a um dos coqueiros, os cracudos riam. Um bombado tatuado cambaleava pela ciclovia em toda sua grandiosidade, seus músculos anabolizados, inchados de água e ar, pareciam prestes a desinflar frente a mais pequena agulhada de uma seringa usada, contaminada. Uma mulher gargalhava no telefone aos berros, “eu tô é no calçadão de Copa, cabrita.” O Rio cheirava a peixe podre e cerveja quente e não havia vestígio da beleza que eu fui buscar me madrugando para o dia. Pedalei por alguns quilômetros sem sinal de uma alma sóbria e rezei calada para que chovesse muito, chovesse forte e lavasse cada rua, todo o asfalto manchado, que o céu chorasse seu mais exausto choro e quando já me perdia nessa imagem de enxurrada me deparei com o despejo humano largado pelas calçadas, lembrei do lixo acumulado pronto para escoar e entupir cada bueiro, deixando para o sol o desgosto de ferver essa sopa de dejetos e detritos num caldo ainda mais fedorento dos nossos restos. Mudei de reza e pedi para que quinta-feira chegasse logo. Às sete a rua fechou e fugi da camada de areia presa à ciclovia, armadilha para derrapada. Uma das cinco senhoras andarilhas, perdidas na manhã carnavalesca, gritou enfadada por eu estar pedalando na contra-mão da rua fechada, achei bonito que em meio ao caos ela ainda pudesse se preocupar com a minha direção. Já no retorno, entrei na minha rua e me deparei com um corredor bem-ajambrado de porteiros uniformizados lavando as calçadas mijadas em uma coreografia digna de Xixiland, um já suado gritava sem riso “esse cheiro dos infernos não sai nem por um...” A carne pode até ser de carnaval, mas o Rio, coitado, não fica igual.
Wednesday, February 15, 2017
Pneu Furado
Despertei de sonho em Espanhol com o idioma ainda enrolando a língua. Sonhei com o mar, com povoado de terra batida e pé descalço. Acordei com um pneu da bike furado e o peito cheio de anseio de oceano. Não pedalei, não tive tempo, mas corri sem chinelo para praia e assisti o sol beijando o mar. Quebrei o tempo ao meio e deixei os pés ali molhando em água gelada. Chegaram as correntes frias mas o verde-azul continua tão transparente que seduz até frescura. Não mergulhei, estava sem bikini, sentei na areia grossa e meditei com os pássaros. Um homem cavava buracos na beira com uma lâmina de metal, parecia buscar algum segredo com uma exatidão de localização, cavava, cavava e o mar vinha e cobria seus furos, o assisti um quilômetro costa à fora cavando buracos inexplicáveis a cada dez metros, memórias de tatuí, será? Uma menina foi nadar e eu fui junto no olhar, olhava suas braçadas de longe e sentia as pausas da minha respiração. Fiquei ali sendo tantas ainda parada no mesmo lugar. Nem sempre a gente precisa ser para estar.
Wednesday, February 08, 2017
Egos
Eu particularmente amo muito a figuração, tenho zelo e apego pela dedicação e amor que eles trazem todo dia ao set, ainda mais se respeitados e olhados com atenção, sei o quão são capazes de se entregar e se concentrar, e isso se estende à toda equipe.
Espero ansiosa por um dia que isso não acontecerá mais nesse meio, que não só os assistentes mas todo e qualquer cargo tiver a humildade de entender que todos choramos, amamos, cagamos, e nada nos separa nem de outros humanos, nem dos animais, nem da natureza. Um mundo em que de fato entendemos que somos todos um só, e que a gentileza e humildade permeiem todas as relações, especialmente as hierárquicas. Mesmo porque nada como uma troca sincera de carinho, mesmo que furtivo, para criar em meio a nossa batalha diária um momento de amor.
Sunday, January 15, 2017
Retratos
A ILana Lansky foi parte grande da minha memória infantil, linda e loura como um conto de fadas, mas antes de tudo fotógrafa talentosíssima e de uma sensibilidade lúdica, ela retratou os nuances da delicadeza das relações da nossa pequena família sempre buscando o cerne do momento sem demandas de pose ou sorriso forjado. Terna em sua suavidade, Ilana deixava ser mais lindo o olhar real que tínhamos naquele exato instante.
Todo ano nas férias viajávamos meses de fusca por cidades remotas do nordeste brasileiro dormindo em casa de amigo ou hotel de beira de estrada para chegar em paraísos de palafita, terra batida e muita natureza. Passávamos meses sem pressa em vilarejos desprovidos da sombra do urbano e aprendíamos sem tentar o sentido mais básico da liberdade.
Ed Vida, acreano, filho de dono de seringal, nascido e criado em meio aos folclores indígenas e à selva amazônica, nunca foi de firula e nos jogou no mato, areia, mar, rio, desde minhas primeiras memórias. Nos botava para caminhar fronteiras de estados a pé por praias desertas, limpava peixe com canivete e matava a galinha do almoço. Fazia muita farofa de ovo, arroz integral pra janta e cuscuz pro café e não hesitava em comprar jaca para servir de barreira para briga de irmão no banco de trás do fusquinha. A gente acordava com o galo cantando, fazia as tarefas proporcionais aos nossos tamanhos e depois éramos livres para fazer o que quiséssemos com nosso dia. Os tempos eram outros, as agora cidades eram povoados e o medo da violência ordinária não permeava a realidade diária, então a gente corria por mato alto e nadava com cobra d'água sem vestígio de medo, a gente fazia de poça de lama piscina e comia fruta no pé.
Lembro bem d'eu com as pernas pequeninas, seis ou sete anos, perambulando durante o dia sozinha por Itaunas quando não tinha casa de tijolo ainda. Eu fazia amizade com pássaro, vira-lata, pedra e montanhas em dunas de areia. Lembro de uma solidão criativa que eu buscava ainda muito pequena, de inventar peças, músicas, danças e poesias pro céu, para as nuvens, para árvores, pra todo e qualquer rio de água fria que eu tanto gostava. Eu sentia uma confiança enorme e uma independência, segura de saber onde pisar e de quando voltar para casa, normalmente movida por comida no segundo caso.
Na minha última semana na Costa Rica, já em tom de despedida, voltei de uma festa mais cedo para dançar sozinha em casa. Fechei os olhos no meu bangalô de palafita e me emocionei com tantos flashbacks dessa infância esquecida, com a simplicidade dos sonhos, com as paredes de madeira e chão de cimento queimado, com a ausência de qualquer necessidade de luxo, e a liberdade que encontro na minha solidão e entendi no fundo do peito o paralelo com essa Costa Rica que eu criei para mim.
Hoje recebo essas pérolas da Ilana, essas fotos, algumas inéditas, e me emociono mais ainda. Agradeço tanto ao meu pai, e mais ainda a ela, por ter feito parte da nossa história e retratado tantos momentos através dessa lente tão apurada e plena de amor. Lembro dos ensaios, das brincadeiras, das idéias e curtições e de muita, muita ternura.
Muito obrigada, Ilana. Essas memórias e essas fotos não tem preço. Que lindo são os encontros. Todo e muito amor para você e família
Thursday, January 12, 2017
Elementar
(Ele)mentar
Passo a passo voa adiante
Passo adelante voo rasante
Rio que corre e escorre
em córregos deslizantes
e em mar aberto desemboca coração desperto
Guarda lembranças em conchas brancas
Tatua memórias em pintas pretas
Nutre sonho ao som de tambor no peito de amante desfeito de medo
Ele é a terra é o sol
É a água é o ar
Ele deságua em estrela
Elementar
No sopro do vento ele plana
Pelicanos, gaivotas, andorinhas ao léu
Ele mergulha de nuvem e nada sem pressa nos abismos do céu
E gira sua órbita em torno da lua
Atravessa portais para galáxias distantes
Não poda seus galhos nem corta raiz
Anda feliz
Ele é a terra é o sol
É a água é o ar
Ele deságua em estrela
Elementar
Saturday, January 07, 2017
Moments Like These
Friday, January 06, 2017
Ocean
Monday, January 02, 2017
Favorite Things
My outside rustic (or guetto depending on the perspective) bathroom makes me think about my favorite things in ST:
- My bangalô cold shower that has the strength of a waterfall
- Male chefs cooking me food
- My bangalô's light, space, sounds and vibe
- Going out Thursday to sing along crazy argentinans songs that I used to dislike and now known by heart
- Eating casados y burritos de pescado
- Trying out every banana bread in town
- Eating dust on the back of my friends' motorcycles and feeling like the goonies
- Watching sunsets playing soccer
- Full moon and fire pits
- The sea water's temperature
- Sleeping early
- Waking up early
- Dancing with my sweet and hot neighbor at my bangalô before I go out and he stays in
- Biking around town and running into new and old friends
- Bodysurfing waves long enough for me to do triple spins
- Practicing new bodysurfing tricks
- Getting my friends to fall in love with bodysurf
- Get to hear foreigners' stories and perspectives and understand my friends cultures
- Not ever feeling like I have friends enough
- Trying to figure out how can I have less things
- Finishing the day feeling like it fits a whole era into it
Ah Mar
Sunday, January 01, 2017
Costa Rica
Em agosto, em um hiato necessário, voltei para órbita carioca bem no meio da viagem justamente para ajustar as mudanças que a vida me ofereceu e eu abracei. Resolvi que não podia abandonar nada ao léu e sim remanejar com delicadeza as estruturas. Precisei reorganizar minhas prioridades para estarem mais de acordo com o caminho que eu venho descobrindo, mas cuidando de todos os laços sem deixar nada desatendido. Voltei mais do que tudo pra transformar, com todo carinho e cuidado, um grande amor em uma amizade para vida - mas isso é outra história.
Em outubro retornei para Costa Rica em busca desse eu melhor que encontrei aqui, vim disposta a destrinchar minhas angústias em possibilidades e alimentar essa frequência e suavidade.
Tive alguns percalços com a natureza aqui tão selvagem, não posso negar, fui picada por aranha, mijada por esquilo, queimada mil vezes por água-viva e atacada por cardume de sardinhas. Separei briga de cachorro, matei barata voadora, espantei formiga gigante tentando comer pedaço do meu pé e escapei até de escorpião. Nem sempre a natureza é gentil, mas quando é dá um bando de presente, teve arco-íris de cabo à rabo do céu, chuva dourada, plâncton brilhando no escuro, noite estrelada sem economia de estrela cadente. Teve raia preta com pintas brancas dando salto mortal bem do meu lado, tartaruga, baleia, e um milhão de rasantes de pelícanos performáticos. Teve gaivota esperando onda comigo e mergulhando fundo mar adentro, teve o canto de tantos pássaros, o silêncio das iguanas, o grunhido rouco dos macacos. Teve cachorro que me adotou e gato preto sem rabo que eu fiz carinho mesmo ressabiada, até amizade com carangueijo fiz, nunca imaginei, mas nada me põe em riste mais do que o mar - foi lá que descobri um bando de coisa e alguns segredos, é lá que todo meu caos se aquieta e entro em sintonia com suas correntes e minhas marés. É no mar que mergulho em mim, que silencio angústia onda abaixo e desafio cada fibra, cada célula.
Sou feita de oceano e barro, feita para viver com pé escorregando na lama e pisando em pedra, nadando a favor da corrente sem pressa para respirar. Mas tenho outro mundo também, mundo de grandes responsabilidades e pequenas decisões urgentes. Lá onde não tenho tempo de fazer xixi, pega mal, corro frenética de set em set entre frequências de rádio e diferentes canais. Tenho domingo de folga e às vezes um dia na semana, surrupio momentos matinais de esporte ao ar livre. Mas corri muito atrás do mundo que tenho, não perdi tempo, e não quero jamais correr atrás do tempo perdido. Sei o quanto quero viver. Tenho fome, estou ávida, quero abundância. E aqui onde viver é sonho, onde tudo fica tão simples apesar de acabar de escutar o mover de um corpo estranho entre a madeira do teto do meu quarto e o sapê, quiça uma iguana, um morcego, who knows, ouço seu rastejar mundo acima e não me incomoda, me acomodo, continuo aqui a pensar.
Daqui a uma semana, oito meses depois de ter saído pro mundo desavisada do quanto a minha cabeça ia girar, atravesso o portal, retorno do buraco de Alice e volta tudo ao normal. São doze anos em que busquei com muita gana aprender todas as técnicas de filmagem, de entender o conjunto como um todo e cada detalhe dos pormenores, de formar cabeça e desenvolver habilidades, de apurar o olhar e conquistar espaço e isso não se joga assim pela janela por uma sensação de liberdade. Há, hoje eu sei, um compromisso com as possibilidades. Entendo afinal a tal da história da responsabilidade consigo. Volto para o Rio consciente dos contratos que fiz e demandas a satisfazer, abraço a importância dos dois mundos em mim e nesse aspecto vejo que posso ter tudo, o melhor dos dois, dividir minha vida entre dois opostos extremos que tanto se complementam. Converso comigo hoje e entendo que há espaço para tudo, até meu avesso não averso. Sei que posso mais de mim, mais do meu bom, do meu melhor. Não quero sucesso, fama, nem status, quero qualidade de vida, e não em roupas nem trends da hora, mas digo em tempo, amizades verdadeiras, comida bem feita, solidão com foco, e inspiração para criar algo que gere caminho. Sei que preciso voltar, e volto justo por não querer abandonar o que conquistei, volto em janeiro para mais um projeto com o coração alinhado com o que construí, entendendo que minha carreira e trabalho são lindos também e quem sabe consigo aplicar um pouco dessa minha força suave, dessa minha nova leveza no stress diário das minhas demandas urbanas. Acho que foi isso que vim aprender aqui, a ter paz no caos, foco em meio à dispersão e serenidade para lidar com a vida de um lugar mais ameno para mim mesma. Vou tentar como posso. Acho que estou pronta. Bem lindo 2017