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Pneu Furado
Despertei de sonho em Espanhol com o idioma
ainda enrolando a língua. Sonhei com o mar, com povoado de terra batida e
pé descalço. Acordei com um pneu da bike furado e o peito cheio de
anseio de oceano. Não pedalei, não tive tempo, mas corri sem chinelo
para praia e assisti o sol beijando o mar. Quebrei o tempo ao meio e
deixei os pés ali molhando em água gelada. Chegaram as correntes frias
mas o verde-azul continua tão transparente que seduz até frescura. Não
mergulhei, estava sem bikini, sentei na areia grossa e meditei com os
pássaros. Um homem cavava buracos na beira com uma lâmina de metal,
parecia buscar algum segredo com uma exatidão de localização, cavava,
cavava e o mar vinha e cobria seus furos, o assisti um quilômetro costa à
fora cavando buracos inexplicáveis a cada dez metros, memórias de
tatuí, será? Uma menina foi nadar e eu fui junto no olhar, olhava suas
braçadas de longe e sentia as pausas da minha respiração. Fiquei ali
sendo tantas ainda parada no mesmo lugar. Nem sempre a gente precisa ser
para estar.