É que de
repente bateu ligeireza, receio de cair do pé ainda verde, diluído de sumo,
refresco com água, primeiro gole do suco e a jarra virada. Tá na mesa, tudo
ali, provado às beiras sem eira, intocado, mosca de fruta madura sem mordida
roubada. Foi é que deu saudades mesmo, mesmo do que ainda não foi, do que pode vir
a ser, do que será, será? Mas é que deu uma vontade
danada de te dar um abraço calado, só o zumbido do pelo no pelo, pele na pele,
ar compartilhado. Vontade de um beijo. Um beijo, sem pressa nenhuma, cada curva
do lábio, molhado da língua, boca que se apruma. E de esquecer a noção de
segundo nem que por um segundo, dez minutos, tantas horas. Foi é que bateu foi uma vontade de rir com teu riso, atravessar olhar e ver por dentro, tocar no teu
braço, pescoço, rosto todo, com cuidado para não mergulhar sem bóia em mar
aberto. O céu tá azul, o meio do dia amarelo pela janela do quarto, vou pro
mundo, bem que podia ser contigo do lado.