Perdi o sutiã. Foi
deparada com a sua cueca que tudo começou a voltar. Seu torpedo confirmando –
não foi sonho erótico de bebum. E na memória daquele primeiro momento que você
me adentrou, invadiu o tal segredo devagar, sem pressa de chegar, foi na
memória desse gosto que lembrei do beijo atrevido, exposto no Horto em minuto
que beira meia-noite, beijo que nem eu entendia enquanto agia que aquilo não
cabia, não devia caber, não tem nada a ver – mas coube, e foi nessa de caber
que o cano da sua bicicleta virou taxi, que o jardim botânico virou paisagem
noturna a direita dos ombros, que fantasia antiga virou verdade, verdade
ainda meio nublada em meio a ressaca matinal. Você disse que foi bom, que bom,
ainda tô aqui pescando lembrança para rir. Rir sim, muito, porque safadeza
tanta não basta, esse demoniozinho Katia Flavia que começa de mordida em
mordida e de repente me engole, domina todas as taras nefastas presas no porão.
Claro que é maravilhoso responsabilizar entidade e tirar de mim a culpa, nesse
caso rasa, mas acho que se me visse em ação teria medo, me censuraria, sei lá, “assim
não pode, me ajuda, devo parar”! E aí lembro que parar que nada, que no nosso
caso tudo cabe, que não tem perigo nem maldade, brincadeira inocente só na
amizade e que um demoniozinho esporádico é café com leite, comidinha de monstro
que de quando em vez é bem vinda aqui dentre nós dois que sabemos lidar.
Que bom tesão sem complicação!