Saturday, October 29, 2016
O Menino e o Mar
O mar levou o menino. Ele que cresceu nessas águas, que conhecia cada pedra, cada canto, cada entrada e saída, se perdeu em um golpe do destino em meio a maré-baixa e passou a noite com o mar até encontrar seu pouso na praia onde sempre surfava. Foi Justo uma prancha, não a sua, mas uma prancha que veio em voo céu afora de encontro ao seu corpo. O menino afundou e não voltou mais.
Friday, October 28, 2016
O Que Vem Depois
Não te disse o bastante quanto fui feliz com você, preciso deixar marcado dentro do seu peito a sua força na minha vida, a importância do nosso encontro e dos tantos momentos incríveis vividos. Só guardo da gente o bom, só guardo de você amor. E foi lindo demais e ainda é e vai ser sempre te ter na minha vida. Nada diminui ou apaga o seu impacto em mim. Obrigada por existir, por cruzar meu caminho, por compartilhar tanto amor, por ser inteiro sempre e maravilhoso como ninguém. Te amo para sempre. Te desejo tudo que você pode sonhar e muito mais. Te guardo para com todo apreço no lugar dos afetos raros. Você é incrível e merece o mundo. Se cuida. E tô aqui sempre que você precisar.
Monday, October 24, 2016
Desbravadores
Achei que ia ficar mais sozinha mas tá difícil não fazer amigos novos todo dia e mais ainda alimentar as amizades já feitas. Em cidade pequena todos os caminhos levam à encontros, uma passeada de bicicleta, uma ida ao mercado, um almoço por aí, uma tarde no mar, sempre acaba por virar esbarro que vira plano que vira tempo simples junto. Aqui nos encontramos para contemplar e conversar sem muito fru-fru. Imersos na simplicidade de tanto verde e azul, as horas passam assim, em meio ao barulho do mar, histórias contadas, muita risada e quase nenhuma grana gasta. A casa também não ajuda, é meu ponto de encontro comigo mas também com os outros, estacionada maravilhosamente no pico do pico, gera um tráfego constante de passagens para papear e deixar o tempo passar - a varanda tem sol ameno e brisa fresca, a cocina convida quem ama cozinhar, a casa toda tem uma energia solar, e tem as redes também, a churrasqueira, o bosque e seu passarinhos, as árvores dançando com o vento, as iguanas e agora Jasper e Million, dois cachorros com donos viajando, que mais adotaram a casa do que a mim - agora tenho cães de guarda, apesar de um ser um chihuahua. Ganhei o costume de ter sempre a ducha ao ar livre, uma toalha e um café para os amigos que vem direto do mar, tudo o que mais me conforta quando eu venho de lá. Aliás, sou puro conforto ultimamente, me conforto muito e a quem encontro tento também.
E na medida que as amizades se aprofundam, todas histórias tem um ponto em comum, como um triângulo das Bermudas de viajantes de todos os cantos que querem se jogar em mais mundos do que os mundos do que já tinham antes e cada um busca com gana seu próprio formato. Terra de desbravadores. Queria querer ficar mais sozinha, mas tá sendo tudo tão bom que resolvi parar de querer e deixar ser. Mesmo porque seria um desperdício desencontrar.
Tuesday, October 18, 2016
Hippie
Chove muito desde a madrugada e ainda não sai de casa. Depois do banho na chuva com sabão debaixo da lua cheia ontem, resolvi fazer o inédito aqui e tomar um banho com xampu e tudo de manhã, mesmo sabendo que já já vou mergulhar no mar. Xampu digo o tal de "poo", porque inventei de experimentar cosméticos naturebas e ver no que dá. Então xampu agora é bicarbonato de sódio e condicionador vinagre de maçã diluídos em água, escovar os dentes termina com cúrcuma e óleo de coco para clarear, desodorante é limão em dias de chuva e bicarbonato com óleo de coco em dias de sol, hidratante para pele só óleo de coco mesmo, e hidratação capilar é banho de óleo de rícino com óleo de coco ou às vezes jojoba no cabelo e rosto. Cheiro a óleo de coco e limão. Daqui a pouco viro parte da terra.
Sunday, October 16, 2016
O Esquilo Maligno
A guerra continua, a guerra de um homem só. Na verdade de um esquilo solitário com um quê de psicopatia. Anteontem foi de uma coincidência tão absurda que beirou a ficção (ou a paranoia), quando vi reais traços perversos em um tão singelo roedor. Andando pelo bosque da casa com uma amiga, contava sobre a aparente hostilidade do pequeno animal silvestre e o último incidente do xixi aéreo e arremessos de amêndoa, foi quando começamos a ouvir a movimentação cabeça acima, olhamos para a copa das árvores já estupefatas com o suposto “stalkeamento” e rimos da própria paranoia quando vimos um pássaro preto brincando nos galhos, gargalhamos felizes, bocas escancaradas, abertas ao léu e veio então, como uma punição divina, o maldito jato grosso de mijo em céu azul perfeitamente mirado sobre as nossas cabeças – fechamos as bocas a tempo. Em choque, avistamos o demônio lá no alto já preparando seu segundo recurso de batalha, amêndoas, uma pequena mordida, assinatura do psicopata, e logo um tiro certeiro sobre a gente. Na terceira voltamos às pressas para a varanda coberta, indignadas com tal ousadia. Durante o dia o assunto voltava, ainda em choque com tal desarmonia de convívio. Dormi às oito e acordei às cinco com estampidos vindo de fora, soava como pedras jogadas no telhado da varanda do meu quarto, um estampido pesado e seco na telha de metal. Levantei receosa e abri uma pequena fresta da janela só para me deparar com uma amêndoa mordida rolando telha abaixo. Chucky descobriu onde eu durmo?
Saturday, October 15, 2016
Hay Caca Aquí
"hay caca aquí"💩, yes there is. The first time I stepped on this beach, I saw an American girl with a big dog walking past me, the dog stalled and took a massive shit a few feet away from where my sarong was laying while staring me straight into the eyes with a relieved smile. After it was all said and done, I asked her politely if the dog was hers and told her it had just pooped. She smiled and said "that's how they do it out here", reinforcing that it was a cultural thing. I looked at her puzzled and let her leave without further ado, while I was left with a mix of cultural shock and contempt, but also understanding that I didn't come here to fight for what I believe. I'm tired of fighting. So, si, niña linda, hay caca aquí.
Monday, October 10, 2016
A Volta
Cheguei na
cidade como se eu nunca tivesse saído, os reencontros foram casuais como uma
ida ao mercado. O caranguejo continua dormindo na mesma quina do banheiro e o
esquilo solitário aqui do bosque deu mais uma clássica mijada direto do alto do
pochote sobre a minha cabeça, com
direito à três arremessos de amêndoa na minha direção, depois me olhou com
descaso - ele já foi mais hospitaleiro. Alimento fruta às iguanas e ração aos
cachorros perdidos que aparecem pela tarde, não rego as plantas porque em algum
momento chove todo dia. No mais, fiz amigos novos já na minha primeira entrada
no mar, meninos locais, pura-vida buena-onda
e agora entro na água em bando com eles. Faço um funcional na praia com uma
pessoal astral bem cedinho, surfo algumas vezes por dia e dou minha corrida quando
a maré permite. Cozinho minha comida ou como casados de pescado por aí nas
minhas idas e vindas na bicicleta vermelha. A casa da praia tem sempre música
tocando, cheiro de café e fumaça branca, no momento falta água, mas isso é
passageiro. Tenho feito tratamentos cosméticos com óleos e frutas e jogado
linhaça e chia em tudo que é comida. Daqui a pouco tô dando nome aos macacos.
Wednesday, October 05, 2016
Saturday, October 01, 2016
But Now I'm Free
Fiquei
olhando para o relógio, no meu trabalho espremo cada minuto para caber mais
tempo. Fiquei olhando para relógio de pulso dourado deitado na mesa e pensei
que não vou levar ele comigo. Pensei quantas vezes olhei para ele ansiosa, contanto
os minutos, exigindo mais segundos do tempo, cobrando pressa para dar conta da
demanda, tempo é dinheiro. Aí a música no fundo toca, “but now I’m free”.
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