Dos pés à cabeça, veio surpresa. Diz ele que já sabia, já me via,
andando pela areia, por aí, de passagem na paisagem, amiga de não sem quem,
acompanhada ou sem ninguém... vi nada disso não, vi foi num fim de tarde para
lá de amarelado, muito do nada, um homi todo todo, cheio de si, que numa
audácia sem noção do olho do furacão, meteu o bedelho meu olhar à dentro,
atravessando íris, retina e o escambal, e invadiu espaço privado sem ser
chamado. Deixou foi pulga atrás da orelha, Deu nem três horas e já tinha
devassado minha rede, adentrou fotos, presente, passado, até mensagem ousou com
intimidade de conhecido antigo - a pulga só cresceu. Semana mais tarde apareceu
puro sorriso em beira de praia, se abriu num fôlego desatado seus todos e cada
porém, discorreu teses cientificas, questões filosóficas e urológicas, sorriu,
suou, até de cromossomo falou, eu ali tonta com tanto. Se jogou no mar quando o
sol já se ia e voltou num abraço tão apertado que toda minha defesa quebrou em
cacos no encontro com seus braços, eu, ainda zonza, entreguei as pontas, e dali
perdi a conta de onde isso vai dar. Deixa estar.