Uma batata
da perna diz muito sobre um homem. Seja de joelho de fora, ou debaixo de pano
fino, grosso, bermudão, uma batata da
perna revela toda uma leitura de personagem, como se aquele vestígio de
estrutura sozinho expusesse a virilidade do corpo que sustenta – virilidade e
fragilidade se arregaçam em uma batata da perna. Se olhadas com cuidado, com
atenção de curioso, pode-se fechar os olhos e adivinhar a firmeza do corpo acima.
Uma batata da perna revela a força potencial da possível pegada, desde o aperto
de mão a uma agarrada, desde a leveza de um carinho ao peso de uma porrada, uma
batata da perna tem tendência a incitar o imaginário de um feminino mais atento
aos detalhes, detalhes como os dedos da mão, como a mão toda, sozinha, de tamanho à espessura, textura,
formato de cada unha, antebraço, aliás são poucas as mulheres que não gostam de
antebraço, abraço e tantas outras rimas óbvias. Pegada também não esconde
segredo, uma agarrada de leve, um aperto à la massage, um carinho de supetão
revelam mais do o que dissimula. O que existe por trás de um carinho espontâneo
e incontrolável? De carinho que escapa do pensamento e se materializa na pele
do outro, como um soluço irreprimível, afeto espontâneo e imparável? O que se
descobre em um pé, no formato do que liga um homem à terra, que abrange em
superfície, se estatela e sustenta todo um edifício de um masculino, cada pé
uma batata, um edifício, uma identidade.