Ao se desmitificar a grandiosidade da entrega
absoluta, amor heroico, ideal, fantasia utópica, frágil em sua ausência de raiz,
vulnerável à abrupta desconstrução de personagem e consequente processo químico
de desapaixonamento agudo, e todas aquelas ideias que de sua boca saíram, que estremeceram
minha defesa nobre da inocência de quem acredita em mergulhar desfiladeiro a
baixo (cair, quebrar a cabeça, levantar em pirueta), aquele sonho do amor que
cria sem barreira, sem bobeira, sem fronteira e tantas outras rimas idiotas que
eu podia encaixar ao tal do infinito enquanto dure – que não dura, nem sacia...
então, a verdade é que sim, você estava certo, aprendi amor imperativo, egoísta
em sua liberdade autoritária, desejo infinito de fábula que deixa tudo menos
aquém, que demanda o mais sublime e majestoso desejo, que se perde em tanto castelo
de areia, tantas marés. Mas eu falo a sua língua, entendo sua cada palavra e concordo
que entrega sem medida não se sustenta, que há de haver outro, outros tantos
jeitos de construir versus só curtir.
Só que nessa busca empírica de evolução, de
desconstrução da repetição, mora a armadilha de um movimento oposto-extremo ao
grande encontro, em que se idealiza o desencontro como quebra de formato, e
assim repete-se a desmedida. Ao mergulhar nas sacações mirabolantes do
conceitual, o desejo se afasta do afeto e se perde à deriva em mar de ideias e
não de tato, olfato e os tais sentidos que formam contato. Mesmo porque construção
se faz no encontro, no compartilhado, no se conhecer.