Elas assistem estupefatas os meninos no playground.
Os meninos se conhecem desde sempre
Ali, bem em frente aos olhos delas, se forma aquela alma masculina de conversa de homem
Eles falam de esporte
Eles sacaneam todo mundo e um ao outro
Eles falam grosso
Eles riem mais alto
Os quatro encostados contra a parede contam estórias
Parodiam memórias
Imitam os colegas de trabalho
Os quatro homens ali se divertindo sem preocupações maiores
Se permitem por um fragmento do tempo serem de novo meninos
Com sua fanfarra e juventude
Com suas risadas enormes que geram furacão de felicidade que contagia qualquer passante
Os quatro gargalham alto que chegam a contorcer o corpo de graça
Os quatro meninos estão felizes
Por aquele momento
Eles deixam o cabelo grisalho na pasta do trabalho
E voltam à arquibancada de cimento do recreio
Toda uma névoa do passado os entorna e revigora
Os meninos tem no olhar o sorriso da primeira bicicleta
Enquanto a novata ri por fora da superfície desses homens meninos
A amiga, já acostumada
entende só pelo o tom o que é contado,
E ri para si vendo o profundo mais belo dos meninos homens