Dividida entre a vontade de começar de novo e a falta de
vontade de qualquer coisa. Entre o ímpeto e a paralisia. Entre o ontem e o hoje
porque amanhã peço que seja outro, diferente, outro dia, outro começo. Entre o
amor e o desapego. Entre ir e deixar para trás. E bate uma tristeza danada, uma
vontade de chorar, uma falta que faz o que tanta angústia trazia. Esse
desencontro constante dentro de um encontro que meio que nunca começou por uma
parte, ele ali, travado, cerceado em cimento enquanto meu rio corria, lhe atravessava
tão pouco molhando suas margens. E o rio tentou, mas passou desperdiçado e aqui eu desaguo, não seco, perder a ternura
jamais. E tem dia que um vazio rasga o peito ao meio, vai cortando com um
pequeno alicate ao longo do dia até rachar por inteiro o torso, torço para ficar
para trás mas a coisa volta, assombra os sonhos, vem em memória perdida e um
bando de sensor que acha resquício por onde anda, tato, olfato, escuta, você
vive aparecendo por aqui. Mas vai embora logo, por favor, você que me trouxe
tanta dor e aperto, você que tanto rasurou o que mais importava, eu te
importando pro peito e você sem exportar nada, guardando tudo a sete chaves num
poço de desconçolo. Que cansaço, fico exausta só de lembrar, de ressentir essa
memória amarga de me sentir invisível. Chega.
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