Você
destruiu o que havia de mais puro.
Lembra
daquele desejo livre, virgem de soluço, desejo simples que podia querer mais? Lembra
daquela vontade inocente, frágil no saber, cheia de incerteza boa que chega a gerar
ânsia de mais... pois é, definhou. O jogo ganhou do jogador, e quem ficou para
ver “perdeu, perdeu”.
Estava tudo
na mesa. Eu assisti os seus passos na vitrine da garotice, vi cada pirueta e
cambalhota que você deu. Mas viu no que dá, sua estratégia saiu pela culatra.
E não foi
de propósito, eu sei que não foi, eu sei que a vida é cheia de demandas e peças
pregadas, vivo tantas minhas também, mas vamos falar que essa vaidade inversa
de quanto mais querido menos querer é um baita desperdício de energia.
Imagina,
justo eu que nunca fui mulher de pedir promessa, nem pacto de nada mais se não o momento, eu que nunca quis mais que o desejo, me deparo com esse "tigo" antigo e me lembro que o tempo passa o tempo voa, mas algumas coisas vão continuar na mesma mesmo. Foi meu tempo de dar nó em pingo d’agua, essa brincadeira
velha de pique-pega não pira essa mina aqui não, te falar que me dá uma canseira.
E aí já viu, cadê aquele você todo maroto que estava todo todo em mim? Pluft,
desapareceu. Sobrou o cansaço de jogos forçados em que só um
ego ganha, e no fim os dois perdem.
Te olhei
hoje na minha cama, ternura desnuda que até então me movia, e o que me deu foi uma
pena danada de agora te sentir em mim tão juvenil, tão desprovido daquele meu tal
desejo virgem que podia tudo no querer. Você foi de homem para garoto em uma cajadada só, demovido à última dose em noites de esbórnia, e talvez, quem sabe, isso fosse tudo que
você quisesse desde o princípio, tola fui eu.